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Xicão fez história na vida de muitos valinhenses através da matemática

O professor lecionou por 43 anos, está aposentado desde 1997, mas continuou trabalhando em sala de aula até 2013

O Jornal Terceira Visão continua com as homenagens aos nossos queridos professores que marcaram época na cidade de Valinhos. Nesta semana o Jornal Terceira Visão entrevistou o professor Francisco Antonio de Brito, conhecido carinhosamente por seus alunos como ‘Xicão’.

Francisco Antonio de Brito se formou em Biologia na Universidade Católica de Campinas, concluído em 1973, e Habilitação Plena em Matemática no ano de 1978 pela FFCL “Nossa Senhora do Patrocínio” – Itú. Fez também Pós Graduação Stritu Sensu em Matemática pela FAPESP em 2001. Ele atuou por 43 anos, sendo que em Valinhos, lecionou nos SESIs 234, 299 e 404, na Escola Estadual Antônio Alves Aranha, Escola Estadual Professor José Leme do Prado e no Colégio Objetivo.

Xicão lecionou por 43 anos, está aposentado desde 1997, mas continuou trabalhando em sala de aula até 2013. “Ainda trabalhei dando aulas particulares, de matemática, até 2018, em Viamão (RS)”, disse o professor.

“Atualmente resido na cidade de Torres (RS), onde desfruto das belezas litorâneas e montanhosas do Sul, juntamente com minha parceira Helena”, contou o docente. Quando questionado sobre o que o fez ir para tão longe, ele disse que “O casamento é uma escolha para a vida toda, mas nem tudo o que a gente propõe será para sempre e, para mim, o mais importante é a verdade e o que a gente leva das pessoas. Me divorciei e numa viagem fiquei conhecendo Helena que residia no Sul. Com o passar do tempo optei por vir residir no Rio Grande do Sul e viver com esta pessoa querida”.

O professor disse que esteve em Valinhos no final do ano passado, vendo seus dois netos, Gabriel e Leonardo, mas, como foi muito rápida a estadia na casa de sua filha Maria Rachel e do genro Juliano, que ainda residem nesta cidade, não teve muito tempo para encontrar amigos, o que poderá e deverá acontecer futuramente.

Xicão sempre foi adepto e gostava muito de atividades físicas, principalmente a prática de corridas, pois sempre lhe trouxe bom condicionamento físico, um lazer espetacular e conhecer muitos outros atletas, fazendo amizades com muitos deles que duram até os dias de hoje. Em se tratando de práticas esportivas, a sua maior superação foi conseguir correr uma maratona (42km) na cidade de Blumenau, com o tempo de 2h39m41s.

O que significou para o senhor atuar como professor matemática? “Foi uma experiência inesquecível de ensino e aprendizado com alunos com os quais trabalhei, onde pude contribuir com a formação de cada um deles. E, tempos depois, vê-los desfrutarem das alegrias, conquistas e sucessos, tanto os jovens, como os adultos. Sinto-me lisonjeado em saber de vitórias que puderam galgar. São recordações que ainda habitam minhas memórias, principalmente as festas juninas, as olimpíadas de matemática, as gincanas, as feiras de conhecimentos, as viagens. São lembranças deliciosas”, ressaltou o docente. Ele também falou que o ensino da matemática mudou muito nos últimos anos, mas que essas mudanças são inevitáveis. 

Hoje, aposentado, tem como hobbies a leitura, cozinhar e práticas esportivas. “Eu estava dando aulas particulares até o início da pandemia, de maneira bem efetiva. Logicamente que com ela, parei de ensinar. Nos dias atuais, sinceramente, estou me dando ao luxo de estar mais próximo das pessoas que fazem parte de minha vida, aproveitando para ler bastante, viajar, zelar pela casa onde moro, enfim fazer o que se torna necessário e agradável”, ressaltou Xicão.

Se fosse escolher uma profissão hoje seria professor, sem a menor sombra de dúvidas. O contato com os alunos, sentir o pulsar dos interesses pela disciplina, mesmo alguns não sendo tão ‘afins’ com a matéria. Xicão disse que tem muitos ex-alunos que são verdadeiramente amigos, mas prefere não citar nomes para que não cometesse algum esquecimento em citar alguns deles. Isso representa o prolongamento da empatia na convivência entre o professor e seus queridos ex-alunos.

“O contato com todos aqueles jovens adolescentes que procuravam se dedicar aos estudos, mesmo eu sabendo que muitos não tinham muitas facilidades na matemática, por vezes enraivecidos por não terem atingido os objetivos conceituais, mas a gente procurava fazer com que pudessem ter um entendimento mínimo dos conceitos, no entanto, o mais importante era compreender o que se passava com aquelas teorias. Às vezes, alguns tinham que fazer um pouquinho de exercícios a mais para ter uma fixação maior através de uma série de exercícios que, confesso, não eram poucos. Nos dias de hoje não sei qual seria o entendimento daquelas sequências de tarefas”, contou Xicão.

“Eu me sinto realizado, porque tenho uma família maravilhosa, muitos amigos, aqui no Sul fui acolhido por todos os filhos de minha parceira, não tenho mágoas ou desavenças, com quem quer que seja, sempre iluminado pelo Pai Supremo em minha caminhada profissional, angariei receptividade por onde passei e exerci minhas funções e sou grato pela vida que o Senhor me permite”. Sobre a concentração das unidades dos SESI, Xicão disse que a entidade SESI teve os seus objetivos e interesses em querer transformar várias unidades em uma única em Valinhos, como também deve ter feito em outras localidades com intuito de realizar os seus propósitos. Ele já passou algumas vezes pelos prédios onde funcionavam as unidades como o 404, 299 e 234 e sempre voltam as imagens de todo aquele trabalho executado por ele e por muitos outros professores, como se tivesse repaginando toda uma história por ele vivida e ali depositado uma vida por completo de compromisso, responsabilidade e dedicação. Somente no SESI trabalhou 41 anos como professor. Ainda mantém contato constante com o professor João Marcos de Educação Física, mas têm eterno carinho por todos os demais. “O professor que deixou uma lacuna em minha vida foi o Oswaldo Muller, de português, tendo sido aquele que me levou para morar na república “Pilantralha” na Av. Campos Sales. Também marcou a forma como nos deixou, uma morte repentina. A outra pessoa foi minha ex-aluna Marli Borelli, que já exercia a profissão de professora, falecendo muito jovem. Mas, ainda hoje, eu incentivaria os jovens a serem professores, mas sem deixar de valorizar a sua escolha. Como legado, acredito que pude deixar exemplos das participações de uma sala de aula, respeitando, incentivando, orientando, procurando mostrar os caminhos mais saudáveis, sempre com muito carinho e afago a todos eles. Deixo aqui minha eterna gratidão em poder ter sido um pilar na vida escolar e profissional de muitos jovens valinhenses, com os quais estive presente em sala de aula. Que o Senhor Deus Pai vos ilumine, abençoe e proteja”, finalizou o querido professor de matemática Xicão.

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