Até pouco tempo atrás, os tratamentos para obesidade eram divididos entre convencional, com nutricionista e endocrinologista, e cirúrgicos, com as cirurgias bariátricas. Havia uma lacuna para os pacientes que não tinham sucesso com o tratamento clínico, mas também não se enquadravam nos critérios de indicação da cirurgia bariátrica. Há alguns anos, esses pacientes têm como alternativa a Endossutura Gástrica – ou Gastroplastia Endoscópica. Um procedimento menos invasivo, que reduz o estômago do paciente através de uma endoscopia, e preenche a lacuna que tínhamos.
Neste tipo de procedimento, que não é cirúrgico, o tamanho do estômago é reduzido em até 60%, e o paciente chega a eliminar de 15% a 20% do seu peso inicial. Para vocês entenderem melhor, nós colocamos um aparelho acoplado à ponta do endoscópio e fazemos algumas “pregas” no estômago do paciente. Não há qualquer corte na parede abdominal. Como a capacidade gástrica do estômago é reduzida, o paciente tem uma saciedade precoce, levando à perda de peso.
Diferentemente da cirurgia bariátrica, que é indicada para pacientes com IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 40 ou com IMC de 35 a 40, desde que comprove doenças associadas à obesidade, a Endossutura Gástrica pode ser realizada em pacientes com IMC de 30 a 35, que são aqueles com obesidade leve, considerada de grau 1, ou em pacientes com obesidade grau 2 (IMC entre 35 e 39,9), mas sem comorbidades, e que, portanto, não possuem indicação para a bariátrica.
A recuperação do paciente é mais rápida. Na maioria dos casos, ele tem alta no mesmo dia e, em dois dias, já pode começar a retomar suas atividades normais.
Os resultados, como na cirurgia bariátrica, dependem muito do comprometimento do paciente, que precisa de acompanhamento da equipe multidisciplinar. Além disso, ele também precisa se comprometer com uma nova rotina, que consiste em uma alimentação mais saudável e na prática de exercício físico. E, para que tudo isso aconteça, é fundamental que ele siga as orientações da nutricionista, do endocrinologista, do psicólogo e do cirurgião, entre outros profissionais.
O paciente obeso precisa entender que a obesidade não é desleixo, é uma doença crônica, que precisa ser acompanhada e tratada por toda a vida. Ela causa muitas outras doenças, como pressão alta, diabetes, gordura no fígado, problemas nas articulações, artroses, enfim, uma lista de problemas que podem diminuir a qualidade de vida do paciente e até reduzir sua expectativa de vida. Por isso, é importante que ele conheça todas as suas alternativas para emagrecer e, junto à sua equipe médica, decida qual o tratamento mais adequado para o seu caso.