Por Admar Concon Filho
Como estará um paciente que fez cirurgia bariátrica daqui a 20 anos? Se ele seguir as orientações da sua equipe multidisciplinar e mudar seus hábitos de vida, com certeza estará muito melhor do que se não tivesse feito a cirurgia. Ele vai ter menos risco de morrer por doenças da obesidade, vai andar melhor, vai ter menos problemas articulares e vai ter uma qualidade de vida muito, mas muito melhor.
Eu explico: a obesidade é uma doença. Como qualquer doença, ela prejudica a saúde, impacta diretamente na qualidade de vida da pessoa e reduz a expectativa de vida. Como exercício, convido você a se lembrar de todas as pessoas obesas com mais de 80 anos que conhece. Provavelmente, não tem nenhuma. Todas morreram antes.
As técnicas da cirurgia bariátrica evoluíram muito ao longo dos anos e, hoje, ela é uma cirurgia de baixo risco. Muitas vezes, com riscos menores que o de uma retirada e vesícula ou uma cirurgia do apêndice.
Já é comprovado que a cirurgia bariátrica melhora ou controla cerca de 30 doenças causadas pela obesidade, entre elas, diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária, osteoartrites, doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação), asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, estigmatização social e depressão.
Infelizmente, ainda há muita desinformação sobre a cirurgia bariátrica, que acaba causando medo nos candidatos. Sempre tem alguém que fala que conhece um amigo do primo do tio que morreu, que ficou careca… todo procedimento cirúrgico tem riscos, mas você precisa considerar o risco-benefício. Neste caso, os benefícios são muito maiores.
Mas, é claro, obesidade é uma doença crônica e precisa ser tratada a vida toda. A cirurgia não é milagre. Ela é um recurso muito importante e eficiente para que o paciente obeso mude de vida e, assim, possa colher os resultados também a longo prazo.
Isso é possível com uma alimentação mais saudável, com atividades físicas regulares e acompanhamento da equipe multidisciplinar, que dará todo o suporte e orientações para que todo o processo aconteça de maneira segura e sem intercorrências.
Se você tem IMC (índice de Massa Corpórea) acima de 35, com doenças associadas à obesidade ou IMC acima de 40, mesmo sem doenças associadas, procure um cirurgião capacitado para avaliar se você se enquadra nos critérios internacionalispara fazer a cirurgia bariátrica.