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Gravidez e bariátrica: o que você precisa saber!

É muito comum receber no consultório mulheres com obesidade que sonham em ser mãe, mas, por conta do excesso de peso, têm dificuldade para engravidar. Normalmente, elas apresentam ausência de ovulação e ficam longos períodos sem menstruar, o que dificulta a gravidez. Outro ponto que precisa ser considerado é que a gestação em uma paciente obesa também oferece mais riscos para a mãe e para o bebê.

Para que vocês possam entender melhor, a gordura possui enzimas que fazem parte da síntese hormonal do organismo. Quando a pessoa está dentro do peso considerado normal, há um equilíbrio entre a secreção de estrogênios, androgênios e outros hormônios que estão relacionados com o metabolismo e a fertilidade.

Quando o paciente está obeso, a aromatase, que é uma enzima do tecido adiposo, transforma uma quantidade considerável de estrogênios em androgênios, o que causa um desequilíbrio hormonal que altera a secreção de FSH e de LH pela glândula hipófise, que fica em nossa cabeça. Como os ovários precisam da estimulação desses hormônios, a ovulação fica prejudicada. De forma geral, há um desequilíbrio entre o funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano.

A perda de peso ajuda a restabelecer esse equilíbrio e, por isso, a cirurgia bariátrica pode ajudar as mulheres a engravidar. Mas é seguro uma mulher que fez bariátrica engravidar? Sim, é muito seguro, desde que ela faça acompanhamento médico e esteja bem de saúde, com as vitaminas em dia. E a recomendação é que ela espere, no mínimo, um ano após a cirurgia para engravidar. O ideal são dois anos.

O que percebemos é que é muito comum a gravidez após a cirurgia bariátrica, inclusive em mulheres que não estão planejando ter um filho. A perda de peso leva a grandes mudanças hormonais, que aumentam a fertilidade e regulam o ciclo menstrual. Além disso, há uma tendência de que a autoestima aumente, e isso também melhora o desejo sexual.

Portanto, quem faz a cirurgia bariátrica e não quer engravidar precisa redobrar os cuidados e utilizar métodos contraceptivos seguros. Costumamos recomendar o DIU (Dispositivo Intrauterino) porque a absorção de contraceptivos orais pode ser prejudicada após a cirurgia bariátrica. A mudança no contraceptivo já deve ser discutida com o ginecologista antes mesmo da cirurgia para que não haja risco de uma gravidez no período pós-operatório recente.

O ideal é que a gravidez seja programada e que a mulher seja acompanhada por toda a equipe multidisciplinar e por seu obstetra, que vai poder avaliar e recomendar vitaminas específicas para este momento antes mesmo do início da gestação.

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