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Jornalista valinhense lança livro sobre ayahuasca

‘Da floresta: vivências da ayahuasca na cidade’ foi idealizado em 2020, para o trabalho de conclusão de curso (TCC) da escritora

Por Bruno Marques

Thaís Ferrari, jornalista valinhense, tem 27 anos e atua no jornalismo local há sete. Nesta semana, ela marca sua estreia como escritora lançando o livro ‘Da floresta: vivências da ayahuasca na cidade’.

Em razão da publicação, ela foi entrevistada pelo Jornal Terceira Visão para falar mais sobre a obra.

Você é jornalista há quanto tempo?

Me formei em jornalismo em 2020, mas trabalho na área da comunicação desde 2017, quando iniciei como estagiária da Rádio Valinhos FM. Também passei por veículos impressos da cidade, como o Jornal Terceira Visão (em 2018) e o Jornal de Valinhos (em 2021). Já vivenciei a assessoria de imprensa por mais de dois anos em uma produtora cultural (Renovarte) e hoje atuo de maneira independente como repórter, redatora, revisora e roteirista.

Participei da equipe que idealizou e publicou as revistas Capacitando Vidas, a edição especial que registra os 30 anos do CEAR (Centro de Artesanatos) dos Clubes de Mães de Valinhos, e a primeira edição que homenageia a força do feminino valinhense. Escrevi também para veículos como o Ecoa, do UOL, e a Psicodelicamente, revista digital independente de jornalismo psicodélico.

Esta é sua estreia como escritora de livros?

Sim, o livro-reportagem Da floresta: vivências da ayahuasca na cidade é a minha estreia como escritora. O projeto foi idealizado em 2020, para o trabalho de conclusão de curso (TCC) em jornalismo pela Esamc Campinas.

Desde que me conheço por gente sou uma leitora assídua, que ama livros e a escrita e, desde então, sempre desejei escrever um livro. Como a conclusão da faculdade se deu em um contexto pandêmico, de covid-19, o projeto do livro precisou ser adiado. Até que em agosto de 2023, depois de pesquisar e avaliar possíveis editoras, fechei o contrato com a Editora Telha, do Rio de Janeiro, casa editorial que publicou Da floresta. 

O livro está disponível no site da Editora Telha e também na Amazon e outros e-commerces

Como e quando se iniciaram suas experiências com ayahuasca?

Tive conhecimento sobre a ayahuasca em 2017, no segundo ano de faculdade. Pessoas próximas na época estavam frequentando a doutrina da floresta, o Santo Daime. Achei curioso o fato de existir uma religião em que os adeptos tomavam um chá durante seus ritos. E logo soube que não era qualquer tipo de chá, mas sim uma bebida psicoativa que proporciona estados alterados e não ordinários de consciência.

Minha primeira experiência com a ayahuasca ocorreu em 23 de setembro de 2018, em uma igreja daimista chamada Céu de Midam, comunidade Flor de Luz, localizada em Piedade/SP, uma das mais antigas do estado de São Paulo. Em 2019 participei dos trabalhos com mais frequência, e me fardei na doutrina em dezembro de 2020. O fardamento é um ritual festivo de iniciação dos daimistas. Sigo na doutrina até hoje e a considero minha escola espiritual, a escola da Rainha da Floresta.

Qual o objetivo da sua publicação?

O objetivo de escrever um livro sobre ayahuasca foi, basicamente, informar sobre o chá em contexto urbano, passando por temáticas como o feitio, ritual de preparação da beberagem; as linhas de trabalho rituais e espirituais que consagram a bebida; a relação com a saúde mental, os grupos de risco – ou seja, as pessoas que não são indicadas a tomar, e os efeitos subjetivos que ela proporciona; a resolução nº 1 de 25 de janeiro de 2010 do CONAD (Conselho Nacional de Política sobre Drogas), que permite o uso religioso e ritual da ayahuasca no Brasil; e algumas problemáticas nesse contexto urbano, como a venda ilegal do chá nas redes sociais e no Mercado Livre, por exemplo.

De certa forma, busquei reunir as principais informações que permeiam o universo ayahuasqueiro nas cidades, focando no público que não conhece e quer entender melhor essa multiplicidade toda. Vale dizer ainda que a bebida é parte da cultura e do patrimônio de cerca de 160 povos indígenas do Brasil e de outros países, como o Peru, mas rapidamente tem crescido a procura por ela nas cidades.

A ayahuasca chegou na selva de pedras na década de 80 através do Santo Daime, e hoje já está presente até em outros continentes. É o sacramento das chamadas religiões ayahuasqueiras, o Santo Daime, a União do Vegetal e a Barquinha, tradições nascidas no interior da floresta.

Por que você acha que a ayahuasca ainda é alvo de tanto preconceito?

Vivemos em um país com estruturas conservadoras e preconceituosas, que logo associam a ayahuasca com drogas e alucinógenos. Parafraseando meu professor de jornalismo Márcio Sampaio de Castro, que escreveu o prefácio do livro, essa visão rasa representa o senso comum e vem acompanhada de desconhecimento, desinformação e sensacionalismo.

A grande mídia também tem culpa nesse estigma, pois ainda vemos reportagens sobre o tema carregadas de preconceito e algumas até prestam um serviço de desinformação.

O desconhecimento abre espaço para a ignorância, então acredito muito no papel importantíssimo de pesquisadores, antropólogos, psiquiatras, jornalistas, cientistas e de outros profissionais que têm desmistificado alguns dos tabus sobre essa bebida ancestral.

Onde e como o livro pode ser adquirido?

O livro está disponível no site da Editora Telha através do link: https://editoratelha.com.br/product/da-floresta-vivencias-da-ayahuasca-na-cidade/

E também na Amazon e outros e-commerces, basta pesquisar pelo título que aparecem as opções.

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