Estamos vivenciando tempos de conflito, tempos de discórdia, tempos de raiva, tempos de cinismo, advindos eleições no contexto político, são tempos de divisão, tempos de emoções polares: do amor e do ódio. Seriam necessárias tais emoções e posturas? Haveria justificativa racional plausível para tudo isso? É este o tema sobre o qual iremos refletir juntos hoje, você me acompanha? Espero que sim, bom; então vamos lá.
Há um ditado popular antigo que dizia: “- Política, futebol e religião não se discutem!”, creio que a intenção de tal frase seja o de evitar conflitos, pois sempre há quem defenda um ou outro ponto de vista, e nesse ato de defender o que menos se tem é a virtude da tolerância, virtude essas que o famoso filósofo grego Aristóteles já dizia que seria prudente da nossa parte desenvolvê-la e aprimorá-las, já que vivemos numa sociedade, coletiva, já que vivemos ‘com’, em comunidade, na chamada ‘polis’ (nome dado pelos gregos antigos à sociedade). A virtude da tolerância é de extrema importância para o convívio em sociedade, pois ela faz com que as pessoas possam expressar suas opiniões particulares sem serem intimidadas pelas demais, por grupos que tenham as mesmas opiniões. A virtude da tolerância se faz presente quando há outra pessoa, não há porque ser tolerante se você viver isolado numa ilha deserta, e não o porquê ser tolerante convivendo apenas com animais.
Ser tolerante envolve conhecer uma opinião divergente da sua, porém respeitá-la. Há filósofo contratualista chamado Voltaire que defendia o seguinte ideal: “- Posso não concordar com uma só palavra do que você diz, mas daria minha vida para que você pudesse se expressar!”. Infelizmente não é o que estamos vendo nesses últimos tempos quando o assunto é política. Conheço pessoas que estão brigando com colegas de trabalho, com amigos, com pessoas da mesma família por divergências políticas, como isso pode acontecer? Como pode uma opinião ser maior que o afeto? Qual a justificativa que embasa isso? Talvez, lá no fundo, penso que se você não trabalhar você não terá o que comer, sendo fulano ou cicrano nos representando lá em Brasília, eles sequer sabem que nós existimos, somos apenas um número, como pode isso ser maior que o afeto que temos para com o próximo? Percebo que há conflitos verbais e físicos, percebo que há ainda o movimento do ‘cancelamento’, onde se cancela, se exclui; se expõe alguém que tenha uma opinião diferente da sua. Até o momento em que se está mediante a pessoas desconhecidas é até aceitável que isso ocorra, mas cancelar, bloquear, parar de conversar com alguém da própria família, alguém que durma debaixo do mesmo teto que você porque ele, ou ela vota e tem uma ideologia diferente da sua me soa indigesto, não consigo digerir tal postura.
Agora com o bendito segundo turno, a tendência é que infelizmente tais conflitos se agravarem, aumentando as brigas, divisões, e isso em exagero nos trás o que de benefício? Faço questão de trazer nessas últimas linhas de nossa reflexão novamente a virtude da tolerância exposta no início deste texto: não se trata de amar o próximo, mas apenas aceitar opiniões que sejam diferentes das suas e eu (que não defendo partido algum) enquanto professor de filosofia; estimulo você querida leitora; caríssimo leitor há argumentar com conhecimento advindo de fontes seguras que lhe passem informações, pois o famoso “eu acho” particularmente não me convence e o que mais há nas mídias em geral principalmente em redes sociais são fake news ou notícias tendenciosas, fica uma sugestão minha, a de um simples professor. Exercite a virtude da tolerância e não deixe que o ódio seja superior aos afetos principalmente pelas pessoas que você ama. Um grande abraço.