O Esôfago de Barrett é uma doença que atinge cerca de 10% dos pacientes que convivem com refluxo gastroesofágico por muitos anos. Ele caracteriza-se pela mudança nas células do esôfago e é considerado pré-maligno, ou seja, pode causar câncer. Segundo a literatura, 1 em cada 1200 pacientes com Esôfago de Barrett evolui para câncer. Há cerca de quatro anos, chegou ao Brasil um novo tratamento para esta doença, o Barrx, e é sobre ele que quero falar hoje.
O Barrx realiza a ablação do Esôfago de Barrett, através de radiofrequência, para a retirada das células doentes. Dessa forma, o órgão retorna à sua condição normal. Este tratamento tem se mostrado eficiente e, além de evitar o câncer, também melhora muito a qualidade de vida do paciente. É um procedimento simples, rápido e ambulatorial, feito através de sedação, sem necessidade de anestesia geral.
Para que você possa entender melhor, nós acoplamos com cateter na ponta do endoscópio, que é introduzido no esôfago do paciente, e, com movimentos suaves, vamos ablando o local. Dessa forma, toda a mucosa doente é removida e, assim, podemos prevenir e diminuir o número de casos de câncer no esôfago, que acomete cerca de duas mil pessoas por ano apenas no Estado de São Paulo, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
É importante lembrar que não há sintomas específicos do Esôfago de Barrett. O que faz o paciente procurar o médico são os sintomas do refluxo gastroesofágico, que costumam ser azia, arroto, indigestão, náusea, boca amarga, tosse crônica após alimentação e aumento de gases. O diagnóstico, então, é feito por endoscopia, biópsia e posterior exame anatomopatológico.
Quando o paciente está em uma fase inicial da doença, ele é submetido a um tratamento com medicamentos e mudança de hábitos, mas é importante destacar que o tratamento é para o refluxo. Não há um tratamento específico com medicamentos para o Esôfago de Barrett. Já nos casos mais avançados, é realizada uma cirurgia. Agora, temos mais esta opção, que evita que o paciente seja submetido a um procedimento mais invasivo.
O uso de radiofrequência, também por endoscopia, já é utilizado para o tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico, com o método Stretta. Este é um tratamento intermediário entre o medicamentoso e o cirúrgico.