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Luiz Bissoto e as gestões pela infraestrutura e saneamento básico

Prefeito por dois mandatos e vereador por seis, empresário contabilista iniciou na política desde a emancipação de Valinhos

Por Bruno Marques

Com fala calma e serena transmitindo tranquilidade, Luiz Bissoto recebeu a reportagem do Jornal Terceira Visão em sua sala, no escritório onde recordações são cuidadosamente preservadas. E algumas delas, o mais antigo prefeito de Valinhos ainda vivo, compartilhou com memórias ainda bem apuradas, aos 91 anos, em uma longa entrevista. Confira os principais trechos.

Formação contábil

“Eu nasci em Valinhos, na Vila Santana, na Rua 12 de Outubro, em 2 de março de 1932. Neste bairro passei minha infância. Depois morei no Centro, na Rua Antônio Carlos, onde hoje é o edifício Elba. Em 1938 eu fui morar na Rua Heitor Penteado, onde fiquei até me casar, em 1954.

Fiz o meu curso primário no Grupo Escolar de Valinhos, que ficava na Rua 7 de Setembro. Aos 14 anos comecei a trabalhar, e meu primeiro emprego foi num armazém de secos e molhados do João e do Nilo Tordin. Depois fui trabalhar no escritório de contabilidade do Jerônymo, que ficava na Rua 7 de Setembro, nº 125.

Eu fiz o meu curso de contabilidade na escola técnica de comércio da academia São Luiz, em Campinas, no largo da catedral. A gente ia pra lá de trem e o trajeto durava cerca de 30 minutos. Descíamos a Rua 13 de Maio a pé até a catedral. Não havia linha de ônibus de Valinhos para Campinas.

Me formei em Contabilidade em 1952. Em junho de 1953 montei meu escritório neste mesmo endereço onde estamos até hoje: Rua Antônio Carlos, nº 68”.

Da contabilidade para a política

“Participei da vida pública e política de Valinhos desde a emancipação, em 1953. Houve um plebiscito e a maioria decidiu pelo processo de emancipar Valinhos. Assim, em 1954 houve a primeira eleição.

Assumi como prefeito em 1970, para um mandato de três anos. Mas antes já havia sido vereador, da 3ª (1962 a 1966) e da 4ª Legislatura (1967 a 1969). E desde a época parlamentar, sempre defendi a implantação do saneamento básico no município. Não me conformava que Valinhos não tinha rede de esgoto”.

Estação de Tratamento de Esgoto

“No quintal, o sujeito tinha um poço pra tirar água, e uma fossa pra jogar esgoto. Era um absurdo! Então fiz 50 quilômetros de rede de esgoto e 12 de emissário.

Aí, precisava resolver o problema da água. E isso aconteceu no meu segundo mandato. Então fizemos o PDAA – Plano de Desenvolvimento de Abastecimento de Água. Mas precisávamos de dinheiro para realizar a obra da ETA II, uns 10 milhões, na época.

E isso foi na época do governo militar que não emprestava e não dava fundo perdido. Eu cansei de ir lá em Brasília conversar com os ministros. Já tínhamos o projeto e o orçamento. Depois de várias vezes que tive lá, um ministro me disse pra procurar a companhia estadual de saneamento de São Paulo. Porém, em outros municípios, eu via que quem tinha entregado o departamento de água e esgoto para a Sabesp não estava bem. 

No começo da operação da Estação de Tratamento de Esgoto acabou dando um pouco de mau cheiro, o que era normal no início até os produtos químicos que são usados para o tratamento fazerem efeito. As casas próximas à estação foram feitas depois. Na época as moradias acabavam próximo à Fonte Santa Tereza.

Então eu ia lá na estação com um Fusca, um alto falante e um microfone pra explicar o início do processo de tratamento de esgoto e que o mau cheiro seria resolvido. E não teve mais, normalizou”.

Festas do Figo e expansões

“Eram realizadas na Praça Washington Luís. Onde hoje é o Parque da Festa do Figo, era de propriedade da Gessy. Tinha um alqueire e meio ali. Fiquei um ano para convencer a Gessy a vender este terreno. Eu não queria fazer como meus antecessores faziam, que era fazer um decreto, desapropriar, depositar o valor venal e mandar o sujeito ir brigar na Justiça. Não fiz isso com ninguém”.

“Quando fiz a segunda pista da Avenida dos Esportes, da rodoviária até o Parque Municipal, conversei com cada morador um por um. Fiz acordo com eles, paguei, pra depois eles saírem das casas. Nunca fiz desapropriação ou prejudiquei alguém”.

Administração pública

“A comparação que eu faço da Prefeitura atual com a Prefeitura das minhas gestões, é que nós tínhamos funcionários públicos. E nós tínhamos de tudo. Tínhamos pedreiros, ferreiro, carpinteiro, pintor. Nunca precisamos contratar nada. As escolas que fizemos e o terminal rodoviário foi tudo feito por pessoal nosso.

Nós nunca tivemos terceirização com ninguém. Precisa saber usar o dinheiro. Trabalhávamos com a economia e gastávamos o que arrecadávamos. Quando assumi como prefeito, em 1970, o município tinha de 45 a 50 mil habitantes. A arrecadação não chegava a 10 milhões de cruzeiros. No meu primeiro mandato, a minha remuneração como prefeito era de 200 cruzeiros por mês. Era difícil”.  

Sobre o DAEV – Departamento de Águas e Esgoto de Valinhos “Sou contra a privatização, venda do DAEV, ou transformar em S/A. Tarifa é justa. Se for de administração particular, a população não vai aguentar, pois a tarifa não seria a mesma. E ninguém pode ficar sem água”.

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