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Você se sente só? – por Thiago Pontes

Por Thiago Pontes – filósofo e neurolinguista (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial

Em 2010 fui a um show que estava ansioso para ir, devia ter mais de 10 mil pessoas, todos animados, mas no auge do show eu olhei para os lados, vi as pessoas pulando, cantando e percebi que eu estava ali, sozinho em meio à multidão. Essa foi a primeira vez que comecei a pensar sobre a solidão. O tempo passou, eu amadureci a ideia, e hoje me sinto perfeitamente confortável e em paz quando estou a sós, ou melhor; em minha companhia. Aprendi a selecionar com quem me divido, me doando quando necessário, mas não aceitando migalhas emocionais… É justamente sobre a solidão que lhe convido a refletir comigo hoje.

Afinal de contas, como devemos encarar a solidão: como sendo boa ou ruim? Ela é por alguns abominada, por outros venerada. Geralmente solidão está associada a castigo. Desde a infância, quando os pais colocam seus filhos no quarto, até na cadeia, onde há a temível solitária. Há quem se sinta só tendo 5 mil amigos nas redes sociais, tendo 100 mil seguidores… Talvez seja nesse momento que alguém pare e perceba a dicotomia: multidão vs solidão; e a partir disso busque se retirar, busque o caminho contrário ao das massas, busque apreciar a própria companhia e tal ideia é louvada por vários pensadores ao longo da história.

O filósofo Arthur Schopenhauer disse que: “A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”; o escritor Charles Bukowski expôs: “A solidão era meu ás de espadas. Precisava dela para engrandecer minha realidade. Estar sozinho comigo era o santuário”. O filósofo Spinoza explanou que: “A solidão é condição da vida humana, estamos sozinhos nos grandes momentos de decisão”. O próprio Jesus se retirou várias vezes da multidão para orar… Mas até que ponto estar a sós é benéfico? Até que ponto isso não se torna negativo? O humorista americano Josh Billings disse que a: “Solidão é um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada”.

Estar a sós é apreciar a própria companhia, se você não tolera sua própria companhia, como espera que o Outro lhe tolere? Já dizia Rubem Alves; “A tristeza que se sente ao estar sozinho não vem da solidão, mas vem das fantasias que nela criamos”. Estar a sós exige que você esteja em paz consigo mesmo, se aceite, que esteja com uma boa auto-estima, não estando carente emocionalmente ou dependendo de ninguém para lhe ‘completar’ em nenhum nível de relacionamento; gosto muito da metáfora a seguir: “Você chega em casa após um longo dia de trabalho, senta-se no sofá, tira os sapatos e se depara com um profundo e espantoso silêncio, você decide se isso é solidão ou liberdade”. No fundo, penso que se você quiser realmente se sentir sozinho, é simples; basta ir a uma multidão, não há nada mais opressor do que estar cercado por pessoas que nem sequer sabem que você existe. É como se o príncipe Hamlet, famoso personagem do dramaturgo Shakespeare nos falasse: “- Você é um solitário, convivendo com outros solitários ao seu redor”.

Estar sozinho é estar na melhor das companhias: a sua! É oportunidade de fazer um auto-exame de consciência, de colocar em prática o chamado “ócio criativo” expressado pelo grande nome da filosofia Sócrates, tempo que serve para refletir sobre si, sobre fatos, projetos, interpretações e mudanças. Só tome cuidado para que isso não se torne um vício. Que seu momento de solidão lhe sirva como um ‘Pit Stop’, igual aos da Fórmula 1, onde os carros são abastecidos, revisados e a partir disso voltam a correr, a interagir… E você, gosta da solidão? Um grande abraço!

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