Os desvios de verbas de pesquisa no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, revelados em janeiro deste ano, podem chegar a R$ 1,9 milhão, segundo uma investigação interna da universidade. Ligiane Marinho de Ávila, a servidora suspeita pelo crime, foi demitida em dezembro de 2023 e está sob investigação da Polícia Civil desde fevereiro. Ligiane, responsável pelos pagamentos de recursos obtidos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), teria realizado cerca de 220 transferências bancárias suspeitas, totalizando R$ 1,9 milhão, sendo a maior parte destinada à sua própria conta e a outras duas empresas e duas pessoas físicas.
A Unicamp afirmou que uma sindicância administrativa está em andamento e todas as providências cabíveis serão tomadas após sua conclusão. O advogado de Ligiane, Rafael de Azevedo, informou que soube do inquérito recentemente e que sua cliente está disponível para esclarecimentos. A investigação interna do IB revelou que a suspeita utilizava notas fiscais fraudulentas e recibos forjados para justificar transferências de recursos de pesquisa, somando um desvio significativo apenas para um dos docentes, que chegou a R$ 245 mil.
A Polícia Civil, com apoio do Ministério Público, pediu a prorrogação do inquérito para aprofundar as investigações, que envolvem 27 professores do IB que relataram movimentações suspeitas. O diretor do instituto, Hernandes Faustino Carvalho, confirmou as informações fornecidas pelos docentes, destacando que Ligiane era considerada uma pessoa de confiança. A Funcamp demitiu a funcionária por justa causa devido às irregularidades detectadas. A Fapesp declarou que está analisando as prestações de contas e, caso sejam confirmadas irregularidades, exigirá a devolução dos recursos dos pesquisadores envolvidos.