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Onde Estás, Mestre das Cores?

Num passe de mágica, me vejo transportado para uma galeria de memórias onde o tempo parece ter se detido. Lá, entre pinceladas de tintas vibrantes e esboços inacabados, encontro a presença silenciosa de um velho amigo. Ah, onde estás, querido artista das cores?

                Lembro-me das noites em que, em minha casa, na rua 15 de Novembro, com você sentado na sala de estar, enquanto discutíamos sobre a vida e a arte, acompanhados quase sempre por outros queridos amigos, você, com olhos brilhantes de entusiasmo, desenhava e pintava, no chão mesmo, buscando traduzir nas telas colocadas aos seus pés, o mundo ao nosso redor. Essas noites, ao lado de amigos sempre presentes, alguns já saudosos: Norberto Conte, Omar de Amorim Filho, Rubens Sorribas Safont, Gabriele Centioli, Ilmars Senkevics, Marcos Alberto Martini, Silvio José Antoniazzi, Cristiano Bueno Quirino, José Luiz Mattiazzo, Fernando Carbonari Santana, Marcos Antonio Menegaldo, Pietro Viscardi, Roberto Matheus, dentre outros, eram um mosaico de emoções. E cada tela que você pintava, cada quadro, era uma janela para um universo particular. Suas mãos, sempre manchadas de tinta, eram as de um alquimista, transformando o ordinário em extraordinário.

                Era fácil perder a noção do tempo assistindo você trabalhar. Seus movimentos eram graciosos e determinados, como se estivesse conduzindo uma sinfonia de cores. Seu pincel era a batuta de um maestro. Suas telas falavam, cada uma contando uma história única que só você poderia narrar. E nós, meros mortais, ficávamos maravilhados com a profundidade de cada traço, cada sombra, cada toque de luz.

                Os dias passaram como páginas viradas de um livro bem lido, e a vida, com sua pressa implacável, nos arrastou para caminhos distintos. Agora, ao olhar para essas telas vazias que guardo, sinto a falta de suas obras que outrora preenchiam não apenas os espaços, mas também nossos corações. Onde estás, amigo? Em que canto deste vasto mundo te escondes, com tuas tintas e pincéis, criando novos mundos que anseio ver?

                A rua 15 de Novembro mudou, a minha casa de número 10, ali já não existe, a cidade mudou, nós mudamos, mas a memória de tua arte permanece intacta, viva em cada esquina que pintaste com tuas histórias. E assim, rogo ao destino que nossos caminhos se cruzem novamente, para que possamos compartilhar novas histórias, novos risos e, claro, novas cores.

                Onde quer que estejas, saiba que há um amigo que te espera, que admira teu talento e que sonha com o dia em que verá novamente teu sorriso tímido, tua presença sempre discreta, ouvindo tuas aventuras e, quem sabe, assistindo a criação de mais uma obra-prima.

                Até lá, meu amigo, continuo aqui, saudoso e esperançoso, rogando aos ventos que me tragam notícias tuas. Que tua arte continue a iluminar os caminhos por onde passas, e que, um dia, possamos juntos redescobrir as cores da amizade.

                Diga-me onde estás, amigo, cujo nome significa ascender! Diga-me onde estás meu irmão Noboru?!… 

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