Ele dedicou sua vida à arte e ao carnaval, deixando um legado de paixão, criatividade e emoção
O carnaval de Valinhos já teve seus dias de glória, onde as ruas pulsavam com o ritmo do samba e a magia dos desfiles encantava os olhos dos espectadores. Por trás de toda essa grandiosidade, havia um artista, um visionário, um verdadeiro arquiteto da folia: Atílio Fracaroli. Seu legado segue vivo na memória dos valinhenses, que ainda hoje sentem saudade de seus carnavais inesquecíveis.
Atílio nasceu e cresceu em Valinhos, mas foi no Rio de Janeiro que descobriu sua paixão pelo carnaval. Estudante de Arquitetura, mergulhou no universo das escolas de samba e criou laços fortes com a Beija-Flor. Desfilou na Marquês de Sapucaí algumas vezes antes de retornar à sua terra natal, trazendo consigo o brilho e a técnica do maior espetáculo da Terra.
Com sua criatividade e dedicação, fundou a escola de samba Arco-Íris, junto com seu cunhado. A comunidade de São Cristóvão abraçou o projeto, e assim nascia um movimento que coloriu Valinhos por anos. Atílio também brilhou na União da Vila e nos Unidos da Madrugada, conquistando títulos e corações com sua arte impecável.
Não havia obstáculo capaz de deter sua paixão pelo carnaval. Mesmo quando a saúde fraquejou, e a Hepatite C tentou lhe roubar a energia, Atílio seguiu criando. Nos últimos anos de vida, já internado, ele desenhava fantasias no hospital, como se sua alma jamais aceitasse se afastar daquilo que amava.
O artista era perfeccionista. Nada passava despercebido por seu olhar crítico e sensível. Ele estudava cada tema, cada detalhe, garantindo que tudo estivesse impecável. No carnaval sobre os Profetas de Minas Gerais, mesmo doente, Atílio mergulhou em pesquisas e trouxe um enredo de tirar o fôlego. Para ele, o carnaval era mais que festa; era cultura, história e arte.
Fora da avenida, Atílio era um ser humano extraordinário. Um músico talentoso, um cozinheiro de mão cheia, um avô carinhoso que ganhou o apelido carinhoso de “Avô Tilhinho” dos netos de sua esposa, Ernesta Brocchi. “Ele era um companheiro maravilhoso, uma pessoa alegre e bondosa. Quem o conheceu sabe o quanto ele era especial”, diz ela com emoção.
O carnaval de rua pode ter desaparecido de Valinhos, mas o brilho de Atílio nunca se apagou. Sua arte, sua dedicação e sua paixão vivem nas memórias de quem teve o privilégio de assistir aos espetáculos que ele ajudou a construir. O samba continua ecoando, pois enquanto houver quem lembre e celebre sua história, Atílio Fracaroli seguirá desfilando no coração de Valinhos.