O Papa da Unidade – Por Dr. Wilson Vilela

Dr. Wilson Vilela – Advogado e escritor

Uma esperança para um mundo mais tolerante e fraterno

                Neste mundo turbulento, em que as polarizações tomam conta de nossas conversas e decisões, fico feliz em finalmente ouvir boas novas. Afinal, é raro, nesses tempos difíceis, que algo realmente nos traga esperança e inspire mudanças profundas.

                Em uma crônica anterior, falava sobre a morte do Papa Francisco e como, em um cenário hipotético, o Decano dos Cardeais, ao se dirigir aos cardeais eleitores, reunidos no conclave para a eleição do seu sucessor, aconselhava que orassem para que Deus concedesse ao mundo um Papa com dúvidas. Um Papa capaz de reconhecer suas fraquezas, pedir perdão e seguir em frente. Um Papa humano, como todos nós. Naquele momento, sugeri que essa reflexão não se aplicava apenas à escolha de um novo líder religioso, mas também a todos nós, vivendo em tempos de grande polarização. O que parece ser uma verdade absoluta para uns, se torna uma barreira intransponível para o diálogo e a convivência harmoniosa.

                E, de fato, quando nos fechamos na nossa “certeza“, nos tornamos inflexíveis e intolerantes. A convivência, que deveria ser um campo de aprendizado e diversidade, acaba se transformando em um campo de batalhas ideológicas. A ideia de que “eu estou certo” prevalece e cria um abismo entre as pessoas.

                Naquela crônica, dizia que precisamos abrir mão da certeza e acolher a variedade, aprendendo a tolerar as diferenças, as falhas e os erros – não apenas dentro da Igreja, mas na nossa sociedade como um todo. Que devemos nos unir como irmãos, sem permitir que as ideologias nos dividam ainda mais. Que não podemos permitir que as extremidades ideológicas nos afastem, nem que as redes sociais e a mídia amplifiquem divisões que, no final das contas, não nos levam a lugar algum.

                Pois bem, a surpresa chegou quando os cardeais elegeram um Papa com as características tão desejadas. O novo Papa, Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, foi escolhido para suceder Francisco. Com uma postura conciliadora e diplomática, Leão XIV reflete sobre a polarização de maneira simples e direta: “Esse se tornou o modus operandi de uma sociedade que, em vez de buscar a unidade como princípio fundamental, vai de extremo a extremo.” Ele segue afirmando que as ideologias têm ganhado mais poder do que os valores humanos concretos, as experiências de fé e o que realmente importa.

                Com relação à paz, o novo Papa é ainda mais claro: “O mundo precisa de pontes com diálogo, com encontros, unindo-nos todos para ser um povo em paz.” E é exatamente esse chamado à fraternidade que precisamos ouvir. Não se trata apenas de palavras, mas de uma prática que desafia as ideologias e busca a unidade e o entendimento mútuo.

                Que, com sua experiência como “pastor de duas pátrias” – assim chamado por dividir o seu ministério e o seu tempo entre Chicago e a prelazia de Chiclayo, no Peru –, possa o homem que hoje calça as “sandálias do Pescador”, colocar em prática essas ideias. Que suas palavras se traduzam em ações concretas, transformando a Igreja e, quem sabe, inspirando o mundo a ser mais tolerante, mais fraterno e menos ideológico. O mundo precisa de pontes, e que Leão XIV seja um elo de união e compreensão. Que suas ideias floresçam e, com elas, possamos, finalmente, colher os frutos de uma convivência mais pacífica e harmônica.

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