O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou neste domingo (21) o reconhecimento formal do Estado da Palestina, decisão que foi acompanhada por Canadá, Austrália e Portugal. O movimento ocorre às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e pode ganhar apoio de outros países, como a França.


“Hoje, para reavivar a esperança de paz e de uma solução de dois Estados, declaro claramente — como primeiro-ministro deste grande país — que o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina”, afirmou Starmer em declaração em vídeo publicada nas redes sociais. Ele ressaltou que a medida não é “uma recompensa para o Hamas”, mas um compromisso com a paz e com a criação de dois Estados vivendo lado a lado.
A decisão foi recebida com duras críticas do governo israelense. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que um Estado palestino “não vai acontecer” e acusou os países que aderiram ao reconhecimento de estarem “recompensando o terrorismo”. O governo americano também expressou preocupação, considerando a medida um gesto diplomático favorável ao Hamas.
Já o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, comemorou a decisão, que considerou um passo importante para abrir caminho a negociações futuras. Husam Zomlot, representante palestino no Reino Unido, disse que o gesto significa “acabar com a negação da nossa existência” e corrigir uma dívida histórica.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores britânico, o reconhecimento é baseado nas fronteiras de 1967, com possíveis trocas de terras a serem definidas em negociações. Atualmente, cerca de 75% dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem o Estado palestino, incluindo o Brasil.
Enquanto isso, o conflito em Gaza segue devastador. O Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas, relatou 71 mortos em ataques israelenses nas últimas 24 horas. Desde o início da guerra, em outubro de 2023, pelo menos 65 mil palestinos morreram. Organizações internacionais já acusaram Israel de genocídio, acusação rejeitada pelo governo israelense.
O reconhecimento britânico representa uma vitória diplomática para a causa palestina e aumenta a pressão sobre Israel, mas também aprofunda divisões políticas internas no Reino Unido, onde conservadores classificaram a medida como “desastrosa”.