Chegamos à famosa época natalina, época onde as pessoas enfeitam suas casas, árvores de natal aqui, pisca-pisca ali, clima de inverno, músicas, marketing, vendas, lucro e por aí vai… Estava aqui analisando esse cenário recentemente enquanto fui a alguns shoppings da região e gostaria de partilhar com você tudo o que ofusca a essência do natal, você poderia me acompanhar nessa reflexão? Ótimo, então vamos lá!
O natal é dividido basicamente em dois pilares: o religioso focando no nascimento de Jesus, ponto que não iremos abordar aqui e no segundo pilar; a presença da caridade advinda do bom velhinho; o papai Noel. Esse bom velinho tem lá toda uma história que dá o embasamento necessário para que sua fama se sustente até os dias de hoje, uma das que mais considero importante é de que aquela criança que irá ganhar o “presente” deve ter se comportado bem durante o ano todo, premissa bem interessante aos meus olhos, um professor de filosofia que visualiza ética e comportamento ou a falta do mesmo. Outra premissa que muito me agrada é a de que não somente crianças podem acreditar na premissa da visita de alguém caridoso tal como o Noel, pois acredito que todos têm dentro de si uma criança interior, por vezes reprimida, como diria o pai da psicanálise Freud, mas a têm!
O que quero focar aqui em nossa reflexão minha caríssima leitora, meu caro leitor é na comercialização da comemoração natalina! Bem sabemos que hoje tudo é marketing, produto, vendas, lucro, prejuízo, mas o ponto que mais me deixou abalado emocionalmente, que mais me deixou descontente, angustiado foi ver o momento de encontro das crianças com o papai Noel (em diversos shoppings, por exemplo). Há ali uma fila, dezenas de crianças acompanhadas dos pais e/ou responsáveis e no exato momento em que chega a vez do filho ou da filha de correr nos braços do papai Noel, ocorre os seguintes fenômenos: a ação dos pais e em paralelo o da comercialização do abraço.
Você deve estar se perguntando: “- Mas como assim professor Thiago?” e eu lhe explico a partir de agora: perdeu-se nos últimos anos a virtude de viver o momento, se entregar ao instante, sentir algo único e singular, tal como apreciar um por do sol, por exemplo, e aqui no nosso caso eu me refiro ao de apreciar o breve momento que a criança tem ao lado ou está nos braços do papai Noel, elas não têm tempo de dialogar com ele, de interagir, de fazer perguntas, de fazer seus pedidos, pois o que realmente importa é a “bendita foto”, e vou além; como se não bastasse os pais forçando seus filhos e filhas a sorrirem ao lado de um senhor barbudo vestido de vermelho para que o registro seja feito em seus celulares e posteriormente postado em alguma rede social, pra finalizar há uma indústria especializada com profissionais capacitados para fotografar o brevíssimo encontro e após tal registro feito por uma câmera profissional, vêm à hora de vender tal foto, vender instante, congelado e frio num papel… Há ali uma disputa para ver quem tira a melhor foto: os pais ou o fotógrafo profissional?! E há ali dois personagens inocentes: um é a criança que se vê obrigada a apenas sorrir no colo de um senhor de setenta anos, o outro é ele, o Noel que não tem nem tempo de dialogar com a criança, já que a fila é grande e tempo é dinheiro! Na fila não há crianças com seus pais para abraçarem o papai Noel, na fila há potenciais clientes.
A reflexão é essa minha querida, meu querido, reflita se considerar relevante, não se aprece em fotografar tudo o que lhe fazer se sentir bem; priorize o momento, ele sim tem sensações, energia, vibrações, fotos não, fotos são conseqüências de momentos, que mesmo eternizadas não terão o mesmo impacto emocional de quem viveu intensamente o dado momento. Um grande abraço em clima natalino.