Para a jovem poeta Barbara de Sene Pegoraro, o mais importante na poesia é poetizar as pessoas e despertar nelas a habilidade de ver beleza onde é difícil se encontrar
Por Bruno Marques
Em 31 de outubro é celebrado o Dia Nacional da Poesia. Em razão da data, esta reportagem entrevistou Barbara de Sene Pegoraro, estudante, de 18 anos, que vive em Valinhos desde seu nascimento, e que ficou em 1º lugar na categoria Poesia Juvenil no concurso da Academia Valinhense de letras e Artes (AVLA).
Como e quando se iniciou seu contato com livros e literatura? Quando e por que você passou a escrever poemas?
Não me lembro exatamente quando pus minhas mãos no primeiro livro. Mas lembro que a primeira coisa que li foi um panfleto de uma pousada na praia.
Eu realmente não tenho ideia de qual possa ter sido meu primeiro livro lido. Mas, com certeza, lembro dos mais marcantes.
Me recordo de ler O Pequeno Príncipe quando tinha uns 10 anos. O li sem compreender muito bem sua verdadeira essência, na época. Mas, ainda assim, me apaixonei pelo livro. Quando o reli, aos 14 anos, entendi o porquê de ele ter se tornado tão especial.
Sobre os poemas, não tenho certeza de quando escrevi meu primeiro. Mas me lembro de me inspirar em músicas para escrevê-los. Lembro-me de escrever um, baseado na canção “Pais e Filhos”, do grandíssimo Renato Russo.
Acho que escrevia, inicialmente, para registrar algum pensamento, alguma interpretação acerca de uma letra ou situação. Mas, com o tempo, se tornou uma forma de eternizar sentimentos da forma mais pura: transcrevendo-os.
Creio que a música tenha grande influência sobre esse meu lado artístico. Tenho que confessar: devo o meu bom gosto musical aos meus pais, meu pai principalmente, que fez questão de me mostrar obras maravilhosas como a que citei de Renato Russo.
Quais são suas principais influências artísticas e literárias?
É irônico, mas eu não consumo tanta poesia. Consumo muitas músicas que contêm letras complexas, belas e críticas.
O único livro de poesias que já li, foi Felicidade Clandestina, de nossa gloriosa Clarice Lispector.
Minha inspiração não parte exatamente de obras. Quando estou no meu momento criativo, me inspiro em qualquer coisa que agrade meu eu poeta. Uma imagem, um filme, uma frase, ou qualquer coisa que desperte minha ânsia por escrever.
Mas, claro, além das coisas belas do mundo, acho que me influencio muito por artistas como Renato, a própria Clarice, algumas obras de Paulo Leminski… não me orgulho disso, mas não tenho mais consumido tantas obras literárias. Por conta da rotina, os estudos, acabei negligenciando esse meu lado. Mas não pretendo abandoná-lo, de forma alguma.
Pretendo me desafiar a consumir mais obras poéticas, já que tenho tanto apreço pela poesia. Mas, de modo geral, me inspiro em artistas brasileiros, e alguns nomes da música internacional, como Jeff Buckley, os Beatles, Axl Rose, entre outros grandes nomes.
Para você, o que é mais importante na poesia e nos poemas?
Acho que o mais belo da poesia é sua pluralidade. A possibilidade de tocar o coração de diferentes pessoas, de diferentes formas.
Essa capacidade de causar emoções nas pessoas, trazer beleza para um mundo tão raso e frio.
Creio que o mais importante na poesia é poetizar as pessoas, despertar nelas a habilidade de ver beleza onde é difícil se encontrar.
O que você procura passar nos seus escritos e como define o seu estilo?
Eu sou mais melancólica do que gostaria de admitir. Minha professora de português já chegou a me dizer que eu devia ter nascido na época do romantismo.
Eu costumo tratar, na maioria das vezes, assuntos densos, mas com palavras bonitas. A poesia, para mim, é uma dança com palavras. Você escolhe que emoções causará no leitor, escolhe a suavidade com que as palavras tratarão o assunto.
E eu gosto de uma dança mais intensa. Apesar de rígidas, minhas palavras tendem a ser belas.
Quais seus próximos planos em relação à literatura e poemas?
Eu pretendo, algum dia, escrever um livro. Dois, na verdade. Um de poesias, e um com um enredo completo.
Não pretendo seguir como carreira principal, mas uma carreira secundária.
Infelizmente, não é tão viável tentar a vida através da literatura.
Mas não pretendo deixar esse meu lado criativo ir embora. Acho que o mundo já matou a criatividade de muitas pessoas. É importante tentar mantermos a nossa viva.
‘Minha Melhor Poesia’, poema de Barbara que ficou em 1º lugar na categoria Poesia Juvenil no concurso da Academia Valinhense de letras e Artes (AVLA):
Há tanto tempo,
Eu queria escrever um poema
Mas as palavras certas
Pareciam fugir de mim
Eu as perseguia, incessantemente
Até que, em ti,
Eu as encontrei
Encontrei no teu sorriso
As mais belas rimas,
A melhor das melodias
Depois de tantos papéis amassados,
Cadernos rasgados e queimados
Descobri que tu
És o poema que eu precisava escrever.