Adeus, Adalberto: o sorriso que fica – Por Dr. Wilson Vilela

Por Dr. Wilson Vilela 04 de abril de 2025 Colunista do Jornal Terceira Visão

A partida de Adalberto Carlos Tofolli levou consigo uma parte de minha história. O amigo que conheci mais jovem do que eu, mas que, mesmo assim, partilhamos risos e lágrimas ao longo de tantas jornadas da vida.

A alegria de Adalberto tornava-o uma presença que não passava despercebida. Aos 18 anos, ele se tornou o amigo que se ofereceu para apoiar minha candidatura à Câmara Municipal, sempre com a força de sua digna e honrada família Tofolli ao seu lado. Seus olhos brilhavam com a energia da juventude, e seu sorriso era aquele tipo de sorriso que conquistava a todos.

Adalberto teve uma trajetória marcada por trabalho duro e dedicação. Ajudava o pai, Arlindo, um construtor incansável, ao lado dos irmãos Cláudio e Celso, enquanto o caçula Lúcio ficava de fora. Depois, o destino o levou à Carborundum, à Prefeitura de Valinhos e, finalmente, à sua oficina automotiva, onde se revelou em sua verdadeira essência: o amigo com quem todos podiam contar.

O Clube de Campo Valinhos, onde tínhamos nossa casa de campo, sempre era palco da sua presença iluminada. Lá, ele fazia da vida uma brincadeira leve, sempre com aquele humor que fazia os outros sorrirem, até quando uma de suas travessuras na cachoeira me rendeu meses de torcicolo.

A amizade de Adalberto transcendeu o tempo. Ele estava presente no nascimento do meu filho, Marco Aurélio, e fez questão de colocar uma mini camiseta, que reproduzia a de campanha, com meu nome e número de votação, na porta do quarto da maternidade. Acompanhou-me ao cartório e, com um carinho imenso, assinou como testemunha no registro do nascimento. Ele era o amigo que sempre estava lá, para o que fosse necessário, com sua lealdade e sinceridade.

Era aquele tipo de amigo que fazia tudo com uma entrega absoluta. Romântico, cativado pela presença das mulheres que cruzaram seu caminho, era também pai dedicado dos filhos Fernando Luiz e Gabriel Augusto, e avô do pequeno Augusto, que certamente ele amava com a mesma intensidade.

O tempo nos afastou, mas jamais apagou a lembrança dos momentos vividos. Apesar das dificuldades que a vida lhe impôs nos últimos tempos, Adalberto nunca deixou que o sofrimento ofuscasse seu espírito. Ele seguiu lutando, com um sorriso no rosto, como sempre fez.

Na visita que fiz a ele no hospital, prometi que, assim que se recuperasse, iríamos comer uma pizza, acompanhada de um bom vinho italiano. Rimos juntos, e ele, com aquele sorriso característico, prometeu que iríamos sim. Mas, infelizmente, a vida, com seus mistérios, não permitiu que cumpríssemos essa promessa.

Adalberto partiu, e me pego questionando o motivo de sua partida. Será que ele já havia cumprido sua missão, cumprido o tempo a que veio? Será que Deus o quis mais perto de si? Ou talvez tenha sido seu sofrimento que o fez seguir seu caminho, com a certeza de que, como diria Vieira, nada acontece por acaso? Tudo tem um propósito, e, como as estrelas que ocupam seu lugar certo no céu, a partida de Adalberto parece ter sido desenhada em algum plano maior.

Sua mãe, Dona Ana, mulher de imensa força e sabedoria, certamente compreenderá sua partida, apesar de sua dor. Nenhuma mãe entende, realmente, por que deve sepultar um filho. Mas, talvez, ela saiba, assim como nós, que tudo na vida segue um curso, uma simetria. Como diz o próprio Mestre Jesus, a casa do Pai tem muitas moradas. E Adalberto foi chamado para uma delas.

Sua partida deixa um vazio, mas também nos traz a certeza de que ele cumpriu sua missão aqui na Terra com honra, honestidade e amor. Ele partiu com o sorriso que sempre tinha, irradiando simpatia, e agora segue para a morada do Pai Celestial, onde não há dor nem sofrimento. Resta-me, então, deixar-lhe um abraço apertado, que quem sabe, em um encontro futuro, será de verdade, onde compartilharemos ideias, recordações e, quem sabe, aquela pizza e vinho prometidos.

Adalberto pode ter partido, mas a essência de sua alma agora brilha como uma estrela eterna, iluminando os corações daqueles que o amaram, como semente que germina e renasce. Embora a saudade nos envolva, é possível imaginá-lo, no lugar sereno onde agora repousa, sorrindo com seu modo único, como se soubesse que o tempo não apaga o carinho. Talvez, ali, aguardando a pizza e o vinho que prometemos saborear juntos, com a certeza de que sua presença, de alguma forma, nunca nos deixará e que a sua partida não é um fim, mas uma continuidade — uma continuidade que se perpetua na essência dos seus filhos e neto queridos, que carregam em si seu legado, sua memória, seu amor e sua força.

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