Relatório expõe adoções irregulares na Coreia do Sul, com crianças enviadas ao exterior como “bagagem” e identidades falsificadas
Entre 1964 e 1999, agências de adoção sul-coreanas enviaram crianças para outros países de maneira irregular, muitas vezes tratadas como “bagagem”. Essa prática, identificada em um relatório da Comissão da Verdade e Reconciliação, que investigou durante dois anos a adoção de 367 sul-coreanos, revelou violação de direitos humanos em pelo menos 56 casos.


Foto: Imagem Ilustrativa
Em alguns episódios, crianças foram rotuladas como órfãs, mesmo tendo pais vivos. Em outros, bebês alternativos eram enviados no lugar das crianças realmente elegíveis para adoção, caso estas falecessem. As adoções ocorreram para países como Estados Unidos, França, Dinamarca e Suécia, com o governo priorizando a adoção internacional como uma solução econômica pós-Guerra da Coreia, sem dar a devida supervisão e negligenciando práticas de fiscalização, como registros fraudulentos e adulteração de identidades.
O relatório também documenta a exigência de agências estrangeiras para o envio mensal de um número determinado de crianças, evidenciando o caráter mecanicista das adoções. Uma das imagens mais chocantes do relatório mostra bebês enrolados em cobertores e amarrados a assentos em um voo de 1984, com a legenda “Crianças enviadas para o exterior como bagagem”.
A comissão recomendou que o governo sul-coreano se desculpasse oficialmente, conduzisse investigações adicionais e implementasse medidas de apoio às vítimas, cujas identidades foram muitas vezes falsificadas. Além disso, a comissão solicitou uma investigação sobre a cidadania dos adotados e o compromisso de restaurar seus direitos, destacando a necessidade de um compromisso global na resolução das crises de identidade vivenciadas por muitos adotados.
“Essas violações nunca deveriam ter ocorrido”, afirmou Park Sun-young, presidente da comissão. “Devemos nos unir – países adotivos e adotados – para lidar com as crises de identidade que muitos enfrentam.”