Mesmo com variações climáticas e ameaças ao mercado externo, agricultores apostam em tecnologia, orientação técnica e união para garantir a produção
“Com resiliência, tecnologia e apoio, continuaremos sendo referência agrícola no Brasil.” — Daniel Juliato, presidente da Associação Agrícola de Valinhos


Diante de um inverno mais rigoroso e uma estiagem prolongada, os produtores rurais de Valinhos estão redobrando os cuidados para manter a produtividade e a qualidade das lavouras. Em entrevista ao Jornal Terceira Visão, Pedro Pelegrini, presidente do Sindicato Rural, e Daniel Juliato, presidente da Associação Agrícola de Valinhos, compartilharam um panorama sobre os impactos climáticos e econômicos atuais.
“Nos últimos anos o período de estiagem se tornou mais intenso, forçando os agricultores a aumentarem a vazão de irrigação para amenizar o estresse hídrico”, explica Juliato. Já Pedro Pelegrini observa que, até o momento, as geadas não causaram grandes perdas: “Tivemos geadas pontuais que não provocaram prejuízos significativos, porém ainda estamos no meio do inverno. Esperamos que frios mais intensos não ocorram.”
Apesar da preocupação, os dois líderes são unânimes ao afirmar que a produção está, por ora, garantida. “Não tivemos áreas muito afetadas, com isso nossa produção de figo e goiaba segue preservada”, complementa Daniel.
A agricultura familiar, predominante na cidade, também sente os efeitos das mudanças climáticas. “Essas alterações exigem que o produtor busque alternativas, como a irrigação, que ajuda, mas gera custos maiores”, comenta Pelegrini. Ele destaca ainda que a Prefeitura de Valinhos tem atuado com orientações e conscientização para ajudar os pequenos agricultores.
Entre as estratégias adotadas, Daniel cita a fértil irrigação, sistema que dosa com precisão água e adubo, atualmente utilizado nas culturas de figo e goiaba. “Além disso, a Associação Agrícola tem dado suporte contínuo por meio de palestras e acompanhamento técnico com profissionais da área”, acrescenta.
No cenário internacional, uma possível ameaça veio dos Estados Unidos, que anunciaram sobretaxa de 50% para produtos agrícolas importados. No entanto, Valinhos parece não ser diretamente impactada. “Nossas frutas não são exportadas para os EUA. O destino principal é Europa, Oriente Médio e Canadá”, esclarece Juliato.
Olhando para o futuro, ambos concordam que o caminho é união e adaptação. “É essencial buscar junto ao poder público políticas de incentivo e subsídios para o campo”, defende Pelegrini. Já Daniel acredita que os fenômenos climáticos são cíclicos: “O produtor sempre encontra alternativas para driblar as dificuldades. Com resiliência, tecnologia e apoio, continuaremos sendo referência agrícola no Brasil.”