Um estudo inédito da Unicamp revela a presença de agrotóxicos na chuva em São Paulo, Campinas e Brotas, alertando para riscos ambientais e à saúde pública


Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou a presença de agrotóxicos na água da chuva em três regiões do Estado de São Paulo: a capital, Campinas e Brotas. O estudo é pioneiro no Brasil ao analisar exclusivamente águas pluviais e foi realizado ao longo de dois anos.
Segundo os pesquisadores, os agrotóxicos usados nas lavouras se dispersam pelo ar e retornam ao solo por meio das chuvas, contaminando até áreas urbanas. Foram identificadas 14 moléculas de agrotóxicos e cinco compostos derivados nas amostras. Destaque para o Carbendazin, proibido no Brasil, presente em 88% das coletas, e a Atrazina, amplamente utilizada no agronegócio, encontrada em 100% das amostras.
Campinas registrou a maior concentração de agrotóxicos, com 701 microgramas por metro quadrado, seguida por Brotas (680) e São Paulo (223). As variações refletem a intensidade da atividade agrícola nas regiões, mas mesmo em áreas urbanas os níveis são considerados preocupantes.
O estudo aponta que a água da chuva pode funcionar como um vetor de pesticidas, afetando ecossistemas aquáticos e organismos como peixes, crustáceos e algas. Mesmo em pequenas quantidades, os pesticidas podem provocar efeitos bioquímicos e reprodutivos a longo prazo, comprometendo a cadeia alimentar.
Outro alerta importante é sobre a ineficiência das estações de tratamento de água em eliminar completamente esses contaminantes, o que pode representar um risco à saúde humana por meio da água potável. Apesar de as concentrações estarem abaixo dos limites considerados de risco imediato, os especialistas ressaltam a necessidade de monitoramento constante e políticas públicas eficazes para reduzir a exposição da população.