Marcos Lopes defende letramento racial e resgate da memória negra em Valinhos

Associação Afro Cultural atua há mais de duas décadas na valorização da identidade negra e na luta por igualdade racial no município

“Não nascemos racistas. Vamos ensinar nossas crianças a não serem”






No dia 3 de julho, celebrado como o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, o Jornal Terceira Visão ouviu Marcos Lopes, presidente da Associação Afro Cultural de Valinhos. Para ele, a data é fundamental para dar visibilidade a uma luta que acontece todos os dias. “Ter um dia em que o tema ganha destaque é relevante, mas o letramento racial deve começar desde cedo, na infância. É assim que vamos promover um futuro mais justo e igualitário”, afirma.

Marcos Lopes, presidente da Associação Afro Cultural de Valinhos, destaca a importância da educação antirracista e do resgate da memória negra no município.

Criada há mais de 20 anos por Oswaldo Reiner, a Associação surgiu da constatação da ausência de união da comunidade negra valinhense. Desde então, atua promovendo cultura, capacitação e visibilidade para a população negra, com ações como cursos profissionalizantes, encontros culturais e a tradicional celebração do 20 de Novembro.

Para Marcos, embora haja avanços, o racismo estrutural ainda impõe barreiras. “Para vencer sendo preto, é preciso ser duas vezes melhor. As regras do sistema não estão escritas, mas estão por toda parte: numa entrevista de emprego, num olhar de desconfiança, na exigência de ‘boa aparência’”, diz ele, citando inclusive o recente caso do motoboy ofendido em um condomínio da cidade.

Entre as ações da entidade está a participação mensal na Feira de Artes da Praça Washington Luís, com exposições afro-brasileiras, apresentações culturais de maracatu e curimba, além de parcerias com a OAB na pauta da igualdade racial. “Também buscamos colocar em prática o projeto de lei que institui o COMPIRV, Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial”, pontua.

Segundo ele, Valinhos ainda carece de espaços de memória que valorizem a história da população negra. “Estamos organizando um projeto para resgatar essas trajetórias, que vão desde benzedeiras e músicos até empresários e políticos. São histórias que merecem ser contadas com dignidade e visibilidade”.

Sobre sua trajetória pessoal, Marcos compartilha: “Trabalhei por 25 anos em uma multinacional, morei em vários estados e sempre sofri preconceito. Mas com carisma e resiliência, superei cada barreira. Hoje, meu prazer é retribuir através do trabalho na Associação”.

Como mensagem final neste 3 de julho, ele destaca: “Não nascemos racistas. Vamos ensinar nossas crianças a não serem. Que possamos todos aprender a amar, como disse Mandela, e construir uma Valinhos mais igualitária”.

Leia anterior

Transporte público de Valinhos ganha reforço com novos ônibus, tarifa reduzida e gratuidade aos domingos

Leia a seguir

DAEV apresenta nova assistente social e reforça compromisso com a valorização dos servidores