Atividade solar em ascensão pode tornar auroras boreais mais frequentes e visíveis

Um novo estudo publicado na revista científica Space Weather sugere que o Sol pode ter iniciado uma fase prolongada de alta atividade, com impactos que podem durar décadas. A pesquisa indica que esse aumento pode intensificar a ocorrência das auroras boreais, fenômenos luminosos que, embora mais comuns perto dos polos, vêm sendo observados em regiões de latitudes médias, como nos Estados Unidos e Europa.

O estudo, liderado por Kalvyn Adams, da Universidade do Colorado, foi realizado em parceria com cientistas da Dartmouth College, Universidade da Pensilvânia e do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA.

Dados analisados ao longo de 40 anos

Os pesquisadores utilizaram dados coletados por satélites ambientais da NOAA ao longo de quatro décadas, especialmente na Anomalia do Atlântico Sul (SAA) — uma área onde o campo magnético da Terra é mais fraco, permitindo um monitoramento privilegiado das partículas energéticas provenientes do espaço.

O principal achado foi a queda acentuada no fluxo de prótons observada a partir de 2022, coincidindo com o início do atual ciclo solar 25. Essa mudança foi atribuída ao aumento da radiação solar, que aquece e expande a atmosfera da Terra, facilitando a dispersão dessas partículas.

O Ciclo Centennial de Gleissberg

Segundo os autores, esse comportamento está ligado ao Ciclo Centennial de Gleissberg (CGC) — um padrão de oscilação de longo prazo na atividade solar que dura entre 80 e 100 anos. A pesquisa indica que, após um mínimo solar prolongado, o Sol estaria agora entrando em uma fase de ascensão, com maior frequência de tempestades solares e fenômenos associados.

“Maior atividade solar geralmente significa mais, e mais intensas, tempestades geomagnéticas — uma causa essencial para espetaculares exibições de auroras”, destaca o estudo.

Em maio de 2024, uma dessas tempestades solares permitiu que auroras boreais fossem vistas até em regiões como o centro dos EUA e partes da Europa — evento comparável ao registrado em 2003.

Cautela na comunidade científica

Apesar das evidências apresentadas, alguns especialistas pedem cautela. O físico solar Scott McIntosh, ouvido pela revista Forbes, ressalta que ainda é “cedo demais” para confirmar uma mudança definitiva no ciclo de Gleissberg. Segundo ele, mais dados serão necessários para entender a profundidade e duração dessa possível nova fase de atividade intensa do Sol.

Impactos nas tecnologias espaciais

A redução no fluxo de prótons nos cinturões de radiação pode ser positiva para satélites, diminuindo o risco de danos ao cruzar a Anomalia do Atlântico Sul. No entanto, o aumento das tempestades solares pode representar novos desafios, com interferências em comunicações, navegação via satélite e até riscos para redes elétricas em solo.

Por que isso importa

As variações na atividade solar afetam diretamente sistemas tecnológicos e climáticos, tornando essencial o monitoramento constante. Além disso, a maior frequência e visibilidade das auroras boreais pode estimular o interesse público pela ciência espacial e aumentar a conscientização sobre os fenômenos solares.

Leia anterior

Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ do Padre Anchieta celebra memória e resistência neste domingo

Leia a seguir

Soldados ucranianos feridos ganham novos rostos com reconstrução facial gratuita em Kiev