Alta na demanda americana impulsionada por surto de gripe aviária transforma os EUA no principal destino dos ovos brasileiros, projetando novo cenário para a avicultura nacional
Em um cenário global instável, os Estados Unidos se tornaram, pela primeira vez, o maior importador de ovos do Brasil. Impulsionados por um severo surto de gripe aviária que afetou a produção interna, os americanos compraram 2.705 toneladas de ovos brasileiros entre janeiro e março de 2024. Este número representa um impressionante aumento de 346,4% em relação ao mesmo período do ano passado, superando com folga países tradicionalmente compradores como Emirados Árabes (1.422 toneladas), Chile (1.182 toneladas) e Japão (846 toneladas).
A crise sanitária nos EUA reduziu significativamente a oferta local e disparou os preços internos, forçando os americanos a buscar alternativas no mercado externo. O Brasil, livre de gripe aviária em granjas comerciais e com uma produção estável, consolidou-se como um fornecedor confiável. A abertura do mercado americano para ovos brasileiros destinados ao termoprocessamento foi um fator crucial para essa mudança na rota comercial.
Internamente, a forte demanda também teve impactos. Em março, o preço do ovo subiu 20% em relação a fevereiro, impulsionado pela Quaresma, pelas altas temperaturas que afetaram a produção e pelo aumento do custo do milho, principal insumo da ração animal.
Apesar dessa alta, as exportações ainda representam apenas 1% da produção nacional, o que impede riscos de desabastecimento no mercado interno. Esse crescimento nas exportações reforça o potencial do Brasil como um player estratégico na exportação de ovos e abre caminho para uma nova era no setor avícola, com mais protagonismo e competitividade global.