No escritório à tarde, depois do almoço, já atendi três clientes. O relógio marca quatro horas e vinte minutos. Cansado, principalmente pelo fato de ter servido de terapeuta para uma cliente que necessitava desabafar em razão dos problemas e agruras que a afligiam, ligo para o amigo Miro Bampa, artista plástico e avô orgulhoso da netinha Rosa, uma fofura de criança, para batermos um papo, jogarmos conversa fora, até porque merecemos esse tempo de descontração.
Encontramo-nos na Caffetteria Postale, em Vinhedo, que já se tornou um ponto habitual, graças ao acolhedor ambiente e à simpatia da sua proprietária e comandante em chefe, a Graziela e, também, pelo famoso caffè macchiato, servido pessoalmente por ela que é barista, ou seja, uma especialista em café e que faz do seu preparo uma verdadeira arte. Ah sim, e pela deliciosa banoffee, uma torta de banana com doce de leite, de lamber os beiços, como diria Monteiro Lobato. Isso sem falar nas tortas de frango e de palmito, servidas com muito requinte e sabor.
Miro e eu nos revelamos dois comilões, mas também pudera!… Quem pode resistir a tais petiscos e saborosa bebida, os quais sempre vêm acompanhados de frases de escritores e poetas escolhidos a dedo pela gentil e culta proprietária.
E essa alegria se reflete no encontro porque podemos falar sobre vários assuntos, dando preferência, entretanto, às artes plásticas, trocando informações sobre as obras que possuímos, mantendo o Miro em sua desativada galeria um considerável acervo de telas, pinturas e gravuras, de reconhecidos e renomados artistas.
A propósito, tão logo fui apresentado ao Miro, no seu ateliê, fui por ele presenteado com duas gravuras de Thomaz Perina e uma tela a óleo de Egas Francisco, numa mostra de sua generosidade, o que é típico de pessoa desprendida e de bem com a vida.
A conversa flui e o Miro já entabula com a Graziela a possibilidade de utilizar um espaço da parede da cafeteria para expor temporariamente algumas de suas obras.
E o tempo passa. Mas aproveitamos com muito prazer o café, o ambiente, a companhia, café que, prometi a mim mesmo, nunca mais adiarei! E isso porque, como cantava Renato Russo, “… se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre sem saber que o pra sempre sempre acaba…”.