Brasil registra segundo maior número de conflitos no campo em 2024, com alta na violência, desmatamento e casos de trabalho escravo


Foto: Agência Brasil
O Brasil contabilizou 2.185 conflitos no campo em 2024, o segundo maior número desde o início da série histórica em 1985. Apesar da leve redução de 3% em relação ao recorde de 2023, o país ainda enfrenta um cenário crítico no meio rural, marcado por disputas por terra, violência ambiental e violações de direitos humanos.
A disputa por terra representou 78% dos conflitos, seguida por disputas por água (12%), trabalho (6%) e resistência (4%). Entre os tipos de violência registrados, destaca-se o aumento das contaminações por agrotóxicos, que atingiram 276 casos — o maior número da última década. O Maranhão lidera em número de conflitos e também em ocorrências de intoxicação por pesticidas.
A região conhecida como Fronteira Agrícola — que abrange áreas do Nordeste, Norte, Cerrado e o Matopiba — concentrou 62% dos assassinatos no campo. Apesar de os homicídios terem caído 58% em relação a 2023, totalizando 13 vítimas, houve um aumento de 24% nas ameaças de morte, alcançando 272 registros, o maior número dos últimos dez anos. Indígenas foram os mais afetados, representando 38% das vítimas fatais.
Além disso, houve aumento de 11% nos incêndios e 39% no desmatamento ilegal, com destaque para a Amazônia Legal. O estado do Mato Grosso foi responsável por 25% dos incêndios e o Pará por 20% do desmatamento. Os prejuízos causados pelas queimadas entre julho e agosto foram estimados em R$ 14,7 bilhões, afetando 2,8 milhões de hectares.
O número de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão também subiu: foram 1.622 casos, um aumento de 39% em relação a 2023. No entanto, o total de ocorrências caiu 40%, totalizando 151 registros.
Os dados mostram que o campo brasileiro segue marcado por conflitos agrários, exploração e degradação ambiental, exigindo ações urgentes de fiscalização, políticas públicas e proteção às populações vulneráveis.