No Dia do Cantor Lírico, 22 de julho, conheça a trajetória inspiradora de Katherine de Andrade

Escrito por: Bryan Gouveia — Jornalista e Repórter fotográfico.

No Dia do Cantor Lírico, comemorado em 22 de julho, a trajetória de Katherine Vitória de Andrade Alves, de 23 anos, mostra como a arte pode transformar vidas. A cantora lírica, cujo nome artístico é Katherine de Andrade, é natural de São José dos Campos-SP e descobriu sua vocação musical ainda criança. Hoje, graduanda em música com habilitação em voz pela UNICAMP, atua como preparadora vocal do Coro da Cidade de Valinhos.

Katherine de Andrade em “As Bodas de Fígaro, de W. A. Mozart”. Foto: Nina Pires, 2022.

“Desde que me entendo por gente, gosto de cantar”, conta Katherine. Seu primeiro contato mais estruturado com a música foi por meio do Projeto Guri, onde estudou flauta transversal, violino, piano e participou do coro juvenil. Aos 16 anos, em um momento de desânimo, um anúncio na internet sobre vagas no Coro Jovem Sinfônico de São José dos Campos reacendeu sua paixão pela música.

“Foi um choque de realidade muito grande na época. Eu estava acostumada a cantar em coros que faziam arranjos de músicas populares, e o primeiro repertório que cantei no Coro Jovem foi Carmina Burana, de Carl Orff. Mas não demorou muito para esse estranhamento ganhar outro sentido e se tornar uma paixão. Lembro bem de como saí da minha primeira aula de canto com a Lidia Schäffer, proporcionada gratuitamente pelo projeto. A vida ganhou outro sentido naquele dia!”, relembra Katherine.

Katherine destaca que a carreira de cantor lírico exige muito mais do que talento. “Ser cantor lírico requer muito investimento em estudo e material de trabalho. Nem todo o conteúdo de que precisamos está disponível e de fácil acesso na internet e, na maioria das vezes, quando encontramos material de qualidade online, ele não é gratuito. Além disso, o que comprova nosso trabalho e compõe o que também chamamos de currículo são os registros, seja por meio de programas de eventos dos quais participamos e que contêm nosso nome, seja por fotos e vídeos, que acabam sendo mais um investimento necessário para o cantor.”, explica.

Ela aponta que as oportunidades no mercado também são limitadas e bastante concorridas: “Inserir-se nesse mercado de trabalho como performer também não é fácil. O cantor tem algumas opções: fazer carreira como solista independente ou tentar uma audição para conseguir um bom agenciamento; ficar de olho em editais dos grandes coros do país e disputar uma vaga (que é sempre muito concorrida), ou participar de concursos públicos de premiação para cantores líricos.”

Katherine de Andrade em “Gianni Schicchi, de G. Puccini”. Foto: Dalton Yatabe, 2024.

Katherine de Andrade em “As Bodas de Fígaro, de W. A. Mozart”. Foto: Nina Pires, 2022.

Katherine de Andrade em “As Bodas de Fígaro, de W. A. Mozart”. Foto: Nina Pires, 2022.

Entre as experiências mais significativas da carreira, Katherine destaca a oportunidade de interpretar Susanna na ópera As Bodas de Fígaro, de Mozart, durante sua graduação na UNICAMP. “Definitivamente, foi o maior desafio da minha carreira até hoje: uma personagem complexa e extremamente ativa, em uma ópera cômica de quatro atos, que me fez crescer muito em técnica, interpretação e resistência. Foi o meu segundo contato com o teatro na vida e, sem dúvida, ter o Felipe Venâncio como diretor cênico foi imprescindível para tornar esse processo de criação e descoberta leve e prazeroso.”, relata.

Atualmente, Katherine atua como preparadora vocal do Coro da Cidade de Valinhos, função que assumiu com entusiasmo, embora inicialmente com receio. “Nunca tinha estado à frente de um grupo de pessoas tão grande. Tem sido uma vivência de muito aprendizado para mim: poder ajudá-los a direcionar suas vozes, compartilhar tantas histórias e viver momentos tão especiais ao lado desse coro, que me acolheu de braços abertos, sempre com muito respeito e carinho.”

Katherine deixa uma mensagem sincera e inspiradora para quem deseja seguir carreira no canto lírico: “O caminho vai ser árduo e muito difícil, não vou mentir. Mas, acima de tudo, gostaria de dizer que, assim como eu, pessoas de baixa renda podem, sim, ter acesso ao ensino de música de qualidade, de forma gratuita, e se tornarem profissionais. Grande parte do investimento necessário para que eu fosse inserida no mundo da música e me tornasse profissional foi fornecida por projetos sociais gratuitos.”

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