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DIA DOS PAIS COM PLURALIDADE E DIVERSIDADE

Se ele já foi, ou se ainda está, fato é que em algum momento ele esteve na vida que lhe deu

Por Bruno Marques

A data, no Brasil, é a mesma todo ano: no segundo domingo de agosto. O que muda são os pais, que cada um tem um diferente. Protetor, ausente, bravo, trabalhador, educador, exigente, enfim, todo pai tem características diferentes e, também por isso, há vários tipos de pai. E foi pensando nesse sentido de pais, no plural mesmo, que o Jornal Terceira Visão preparou esta matéria especial de Dia dos Pais.

 “Em nenhum momento a relação homoafetiva impacta negativamente”

Aelton Aquino tem 33 anos e uma filha de 12. “O nascimento da Maria Letícia aconteceu em um contexto bem desafiador. Eu estava cursando o terceiro ano da faculdade e morava em Bauru. A mãe dela também. Fomos morar juntos e não paramos de estudar, mesmo com uma filha pequena para cuidar”, lembrou.

Jornalista e influenciador digital, ele considerou que exercer o papel de pai no referido momento foi algo natural: “Hoje eu percebo o quão jovem eu era: tinha apenas 20 anos. Me sinto orgulhoso de ter conseguido enfrentar todos os desafios mesmo com pouca idade”.

Para Aelton, “é um sentimento que não cabe no peito”. E afirmou: “Minha filha é o meu maior tesouro e motivo de orgulho para mim e toda família. A minha alegria é poder dar a ela tudo aquilo que os meus pais não puderam me dar. A maior dificuldade é ter de viver em casas separadas. Hoje ela já está quase adolescente, então viver esse período com ela também é um desafio”.

Por fim, ele avaliou que sua relação não poderia ser melhor. “Desde que entrei em uma relação homoafetiva, a Maria foi a segunda pessoa da família a saber. A primeira foi a mãe dela, que foi minha companheira por 12 anos. Minha filha só me disse uma coisa: o importante, pai, é você ser feliz! Lógico que eu chorei”, contou.

O jornalista frisou que sua filha tem uma ótima relação com seu namorado: “Ela viaja com a gente, conversa e brinca. Em nenhum momento, a relação homoafetiva impacta negativamente. Espero continuar sendo um pai presente, acompanhando cada passo dela, sendo também um amigo e conselheiro. Quero ainda continuar proporcionando uma boa base para que ela seja um adulto de sucesso”.

“Minha filha é o meu maior tesouro”, declarou Aelton

“Me sinto muito feliz quando ele me chama de papai”

Uma conexão espontânea e imediata: “Há alguns anos conheci a Suelen. Ela estava com uns 3 ou 4 meses de gestação e foi amor à primeira vista. Fiquei apaixonado por ela. Não rolou nada num primeiro momento, mas sempre mantive contato e sabíamos do sentimento que tínhamos em comum. Quando seu filho, o Miguel, fez seis meses, eu já sentia uma ligação com ele. Quatro anos depois nos encontramos novamente e, dessa vez, iniciamos um relacionamento”.

Essa é a história conjugal do César Augusto Personeni Fonseca, de 33 anos, que se derrete ao falar do menino que considera seu filho: “O Miguel é muito especial. É uma criança incrível, e a cada dia que passa meu amor por ele cresce ainda mais. Me sinto muito feliz quando ele me chama de papai, me enche de beijos e me dá um abraço quentinho. Tudo isso faz o meu coração transbordar de amor”.

César, que é fotógrafo, considera que o garoto de 6 anos é responsável por sua felicidade. “Se eu pudesse, abandonaria tudo pra curtir e brincar com ele 100% do tempo. Como todo pai, temos medo do que venha a acontecer no futuro. Mas como sei que o Miguel é muito inteligente, ele vai se sair bem em todos os obstáculos”, apostou.

César, Suelen e o filho Miguel

“Ela foi a melhor coisa que poderia ter acontecido conosco”

Gil Vicente Bastos Duarte tem 86 anos hoje. Por quase 30 anos ele cuidou de contas bancárias como gerente do antigo Banespa. Mas, o destino lhe reservou uma responsabilidade que estava além de qualquer questão financeira. “Eu e minha esposa Irene (in memorian) adotamos a Marcia (proprietária do JTV) em 1975. Ela tinha pouco menos de um mês. Na época não havia tanta burocracia para adoção. Ficamos sabendo que havia uma recém-nascida, com apenas 15 dias de vida, e estava próximo da fazenda dos meus sogros. O bebê perigava não vingar, pois estava com a saúde debilitada, infecção no umbigo, entre outras dificuldades”.

Seu Gil, como também é conhecido, lembrou com emoção dos momentos tensos: “Fomos na casa e vimos como a criança estava. Ela teve que ser internada e os médicos não nos deram muita esperança. Mas, nossa fé foi maior. Ela resistiu. Sem titubear, decidimos adotar a criança e a registramos no nosso nome, no cartório de Buri-SP, certificando que éramos os verdadeiros pais. Fiz questão que fôssemos oficializados como pais legítimos dela. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido conosco. A adoção aconteceu de forma natural e por providência divina. E a criamos da mesma forma como os outros dois filhos (Telma e Gilson)”.

O ex-bancário, que há mais de 40 anos reside em Valinhos, frisou a dedicação diária que suas filhas e o cuidador Natanael – considerado seu filho mais novo – lhe dão: “Desde que minha esposa faleceu, há cinco anos, tenho sofrido de sérios problemas de saúde, mas ela está dando apoio integral para mim. Ela cresceu bem cuidada, e espero que cuide bem dos dois filhos também, meus netos (Rafaela e João Pedro). Quero também que ela continue pelo jornal, seguindo em sua profissão dando as notícias do que acontece nessa nossa terra abençoada”.

Gil Vicente com a sua família

Pais no Brasil

Aqui, as primeiras comemorações do Dia dos Pais datam do início da década de 1950. Em 14 de agosto de 1953, o publicitário Sylvio Bherinh preparou um concurso para homenagear três tipos de pais: com maior número de filhos, o mais jovem e o mais velho. Foram premiados um pai com 31 filhos, outro com 16 anos e um de 98.

Várias entidades da imprensa reuniram-se para promover o evento, o que causou grande repercussão. Após a realização do concurso, o Dia dos Pais no Brasil passou a ser comemorado no segundo domingo do mês agosto, como permanece até hoje.

Pais onde?

Segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o índice de pais que não registraram seus filhos era de quase 6% até 2021. No mesmo período em 2022, o percentual de pais que renegaram a paternidade saltou para 6,6%. O maior até agora.

Dados inéditos levantados pelos Cartórios de Registro Civil do Brasil apontam que nos últimos dois anos, mais de 320 mil crianças foram registradas somente com o nome da mãe na certidão de nascimento. Além disso, os reconhecimentos de paternidade caíram mais de 30% quando comparados a 2019. É um recorde lamentável.

Pais na cultura popular

Homer Simpson, o divertido

Homer do desenho animado “Os Simpsons”

Pai do Bart, Lisa e Maggie, além de marido da Marge, seu humor e excessos divertem diversas gerações há mais de 30 temporadas.

Julius (Todo Mundo Odeia o Chris), o pão duro

Julis da série “Todo Mundo Odeio o Chris”

Interpretado por Terry Crews, o personagem é trabalhador, pão duro, e pai do Chris, Drew e Tonya. E marido da Rochelle, sobre a qual é autor da hilária frase: “Uma coisa que aprendi em relação às mulheres é que mesmo quando você tá certo, você tá errado”.

Darth Vader (Star Wars), o intergaláctico

Darth Vader do filme “Star Wars”

Um dos personagens mais icônicos da história é pai de Luke Skywalker. É seu filho que faz com que, mesmo no “lado negro da força”, consiga ver paz e bondade em si.

Professor Xavier, o adotivo de especiais

Professor Xavier do filme “X-men”

Numa cadeira de rodas, o mutante telepata é “pai adotivo” e mentor de vários outros mutantes que acolhe, orienta e treina como X-Men.

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