Bruna Viola, que encerra a Festa do Figo no domingo, fala ao Jornal Terceira Visão e reafirma sua veia sertaneja
Por Bruno Marques
Atração do palco principal da Festa do Figo neste domingo (29), Bruna Viola concedeu uma entrevista ao Jornal Terceira Visão. Na conversa, a cantora de sertanejo contou sobre suas inspirações musicais, a evolução dos seus 19 anos de carreira, e como é representar a música raiz do campo.
A Festa do Figo é um dos eventos mais tradicionais da RMC – Região Metropolitana de Campinas. Ela tem, na sua origem até hoje, representação do setor da agricultura de Valinhos, capital do Figo Roxo. Ou seja, o evento tem a mesma gênese que você, que representa o “agro”. Como é representar, na música, essas raízes culturais?
Cresci na fazenda com a minha família, representar toda a cultura rural e o agro com o meu trabalho é muito especial. Nestes 19 anos de carreira, além da música sertaneja raiz, que eu amo, também tenho cantado a vida no agro com outros estilos, como na música “Mulher do agro”, que eu gravei com o DJ M4UZ. Falar da vida no campo faz parte da minha essência mesmo.
Quais são suas principais referências na música sertaneja e o que você busca acrescentar a essas influências na sua música?
Eu me inspiro muito na Inezita Barroso, por quem tenho um carinho muito grande e que viu potencial em mim quando ainda era uma criança. Me inspiro também no Tião Carreiro, que participou de rodas de viola na fazenda com meu bisavô, e Ronaldo Viola. Além da música raiz tradicional, tenho levado para o palco um pouco mais de outras sonoridades, misturas e parcerias.
Em um gênero que já foi amplamente dominado por homens, de uns tempos pra cá a música sertaneja ganhou a presença de mulheres que têm feito muito sucesso. Sendo você uma delas, há alguma característica que seja exclusiva das mulheres – e sua – tanto na composição quanto ao vivo? Se sim, qual?
Eu não componho, só canto mesmo. Vejo que as mulheres estão ganhando espaço nestas duas áreas e é muito importante. Neste ano completo 19 anos de carreira e pude ver a evolução desta presença acontecendo. Seja na música sertaneja raiz, onde sou reconhecida, na sofrência, no agronejo mais moderno, estamos em todos ritmos e estilos!
Você carrega no seu nome artístico a glória e a responsabilidade de um dos principais instrumentos da música sertaneja, que é a viola. Como você define a função e a importância deste instrumento no estilo?
A viola é um instrumento essencial na música raiz. Tem o pagode de viola, um ritmo da música sertaneja que foi criação do Tião Carreiro e outros violeiros foram aprimorando, melhorando, colocando sua personalidade, jeito e estilo. Falar em música raiz, tocar uma moda e não ter uma viola, parece que falta algo.
A sua versão para Tô Fazendo Falta pegou em cheio. Imediatamente lembrei já ter ouvido aquele marcante refrão. Fui buscar as versões anteriores e a sua é a que tem mais a ‘sofrência necessária’ para se cantar essa, como a Eliana de Lima fazia. Mas, falando em sofrência, “é loucura não ouvir o coração”? “Desse jeito a gente pede pra sofrer”?
Obrigada! Gravei esta música em 2016, foi muito especial. O coração nos diz sobre a nossa essência, sobre o que é importante de verdade para nós, precisa ser levado em consideração sempre.
Por fim, Valinhos está ansiosa para o seu show que encerrará com Saco de Ouro (música de Bruna Viola), quer dizer, com chave de ouro, o evento mais popular da cidade. O que você pode dizer para seus fãs daqui e qual a sua expectativa para a apresentação?
Estou muito animada. Faço shows por todo o Brasil e é sempre uma noite única, especial, que marca em mim. Meus shows são sempre muito animados. A galera canta as modas com empolgação. A viola ‘mói’. No palco me sinto em casa, entre amigos. Além de músicas mais novas, com certeza o público pode esperar algumas modas clássicas do sertanejo.