News

Fé e agricultura foram a base para os primórdios do evento

Nesta edição publicamos a primeira das três partes deste trabalho que busca preservar os valores históricos do evento

Por Bruno Marques

Principal assunto da cidade neste mês, a Festa do Figo e Expogoiaba têm início nesta sexta-feira, dia 12. E, para acompanhar a expectativa pelo evento mais popular da cidade, produzimos uma série especial de matérias sobre a história da aguardada festividade.

História: De Lino Busato, o fruto. De Bruno Nardini, a ideia

O pioneirismo do fruto (tecnicamente é uma flor) que primeiro deu nome à festa é atribuído a Lino Busato, imigrante italiano que há 123 anos plantou as primeiras mudas de figo roxo.

E desta riqueza da terra, Bruno Nardini adicionou o ar da ideia. O monsenhor que chegou a Valinhos em 1939 arrecadou fundos para construir a nova igreja Matriz, e conseguiu através da realização das primeiras festas do figo.

A história da Festa do Figo se entrelaça à própria história da cidade. Na década de 1940, a presença de imigrantes italianos na recém-nascida Valinhos era grande e a maioria se dedicava ao plantio e cultivo do figo-roxo.

Foi em 1949 que surgiu, oficialmente, a primeira edição da Festa do Figo de Valinhos. Ela aconteceu na praça no entorno da igreja onde hoje está localizado o Largo da Matriz de São Sebastião, os produtores vendiam figo e a igreja vendia comida. Todo o dinheiro arrecadado era destinado à paróquia.

Com o passar dos anos e o crescimento do evento, Valinhos conquistou o título de capital brasileira do figo-roxo.

Imigração japonesa

Foram os japoneses que introduziram o cultivo da goiaba em Valinhos a partir de 1954, com a mudança das primeiras famílias para o bairro Macuco. Ainda no mesmo ano, foi criada a Associação Nipo-Cultural Brasileira no mesmo bairro, com o objetivo de manter as tradições japonesas.

A Expogoiaba passou a ser realizada a partir de 1995.

Locais

O primeiro local a sediar o evento acabou sendo as imediações da própria Matriz de São Sebastião. Posteriormente o evento passou a ser realizado no Largo de mesmo nome.

A quarta edição, em 1953, foi feita na Fonte Sonia. No fim dos anos 50 a antiga sede do Clube Atlético Valinhense passou a ser o palco, mas algumas atrações ainda aconteciam no Largo de São Sebastião. Em 1969 aconteceu a primeira Festa do Figo na Praça Washington Luís e, finalmente em 1976, o evento mais popular da cidade foi realizado no Parque Municipal que posteriormente recebeu o nome de Monsenhor Bruno Nardini em justa homenagem a seu idealizador.

As rainhas: Anos 50 e 60

O concurso que elege a rainha e princesas de cada edição da Festa do Figo é uma tradição. Saiba quem foi a rainha de cada concurso desde quando ele começou a ser realizado até o atual, começando pelas décadas iniciais:

1952: Amália Antoniazzi, 1953: Desirée Amalfi Walter, 1954: Rina Tortolo, 1955: Maria Aparecida Fior, 1956: Júlia Tordin, 1957: Elinor (Lola) Mamprim, 1958: Terezinha Capelato, 1959: Maria Bernardete Brandini, 1960: Maria Perseguetti, 1961: Akemi Kimpara, 1962: Doroti de Paula, 1963: Irene Pauludetto, 1964: Elenira (Lia) Steiner, 1965: Alzira Postal, 1966: Maria de Lourdes Canale, 1967: Ana Eliza de Moura, 1968: Elvira Maria Azevedo, 1969: Bernadete Corvini.

Shows de famosos

No fim dos anos 70 a festa começou a ter atrações de renome.

De 76 a 79: Adoniran Barbosa, Agnaldo Rayol, Francisco Egydio, Marcos Roberto, Ronnie Von, Chacrinha e suas Chacretes

80: Jair Rodrigues, Tonico e Tinoco, Banda do Brejo, Sérgio Reis, Demônios da Garoa, Originais do Samba, Chitãozinho & Xororó, Jessé, Guilherme Arantes, Jorge Bem, Carlos Cézar & Cristiano, RPM, Barão Vermelho, Moraes Moreira, Christian & Ralf, Wando, João Mineiro & Marciano, Dominó, Bolinha.

90: Polegar, Roberta Miranda, Wanderléia, Roupa Nova, Fábio Jr, Sérgio Malandro, Zezé di Camargo & Luciano, Paulo Ricardo, Raça Negra, Pepeu Gomes, Fafá de Belém, Mamonas Assassinas, É o Tchan.

2000: Jota Quest, Elba Ramalho, Frejat, Banda Eva, Teodoro & Sampaio, Jerry Adriani, Edson & Hudson, Rio Negro & Solimões.

2010: Munhoz & Mariano, Restart, CPM 22, Família Lima, Padre Fábio de Melo, Péricles, Tchê Garotos, Latino, Fernandinho, Fernando & Sorocaba, Paralamas do Sucesso, Caio César & Diogo, César Menotti & Fabiano, NX Zero, Daniel, Thiaguinho, Teatro Mágico, Sambô, Rosa de Saron, Amigos do Pagode 90, Blitz, Thalles Roberto, Cezar & Paulinho.

2020: Inimigos da HP, Hugo & Guilherme, Matogrosso & Mathias, Luiz Miguel & Daniel, DJ Alok, Gustavo Mioto, Turma do Pagode, Rick & Renner, Ana Castela, Bruna Viola, Pixote, Zé Neto & Cristiano, Guilherme & Santiago, Mayck & Lyan, Jorge & Mateus, Ira.

Caderno Especial de 2018:

Verdadeira instituição da história e da tradição valinhense, a maior festividade do município começa amanhã e segue até dia 4 de fevereiro. Para comemorar mais uma edição e enaltecer o seu valor social, cultural e turístico, o Jornal Terceira Visão preparou este caderno especial para o leitor apreciar, relembrar e guardar

O figo roxo, antes de tudo

Lino Busato plantou as mudas que rapidamente se espalharam

Elemento principal da festa que dá nome, o figo roxo tem o seu pioneirismo atribuído a Lino Busato. Segundo registros da história da cidade, foi ele, imigrante italiano, quem primeiro cultivou o fruto em nossas terras no início do século passado, em 1901. Sua chácara ficava na esquina das ruas Campos Salles e Carlos Gomes, onde depois veio a existir uma fábrica de doces com o nome de Figolândia. A planta teve fácil adaptação, após mudas virem da Itália. Prosperando rapidamente, a cultura foi logo compartilhada a famílias amigas de Busato, entre elas, os Capovillas. Além de ter sido o responsável pelo embrião do figo roxo no município, Lino Busato também foi delegado por alguns meses e juiz de paz por vários anos, além de fazer benzimento e orações para curas de certos males, o que fazia com que se formassem filas para seu atendimento.

A figueira tem origem incerta, mas acredita-se que surgiu entre o sul da península arábica e a atual Turquia. Do Oriente se espalhou para o mundo, chegando aqui por volta de 1532 pelas mãos do colonizador Martim Afonso de Souza. Há mais de mil espécies de figueiras, mas poucas produzem frutos comestíveis. A planta tem boa adaptação a diferentes condições climáticas e podem variar no tamanho e na forma. As do tipo comercial raramente ultrapassam 2 metros de altura, devido necessidade de aplicação de podas drásticas, necessárias para facilitar o manejo. Se bem conduzidas, elas têm vida produtiva por 40 anos ou mais. Uma curiosidade: com cinco a oito centímetros e cor esverdeada ou violácea, o figo é, na verdade, uma inflorescência, uma flor que não desabrochou. Plantio Desenvolve-se preferencialmente em solos profundos, bem drenados e com possibilidade de uso de irrigação. Por ter um sistema radicular superficial, a figueira é sensível à falta de umidade no terreno. Locais iluminados são ideais para o plantio da figueira. Com muita luz, adquire um crescimento vigoroso e frutas de excelente qualidade. A planta também gosta de chuvas frequentes e bem distribuídas. Para facilitar a condução da figueira, é necessária a realização de podas. A poda de formação visa à adequação da estrutura da planta para dar espaço aos ramos produtivos. Em seguida, vem a poda de frutificação realizada anualmente. Sua produção ocorre de maio a novembro, um ano após ter iniciado o plantio da figueira. Para figos frescos, a colheita ocorre diariamente quando os frutos apresentam coloração arroxeada.

O idealizador

Monsenhor Bruno Nardini juntou o figo com a fé e criou a festa que ajudou a cidade a prosperar

Em 1939, o jovem recém chegado Padre Bruno Nardini, buscando angariar fundos para construir a nova Matriz, e ao mesmo tempo melhorar a comercialização da safra de figo, revoluciona a então Quermesse de São Sebastião. A Festa do Figo teve início no Longo da Matriz. Na época, tinha apenas o propósito de arrecadar fundos para a nova Igreja, e de forma discreta, ajudar os pequenos agricultores e imigrantes italianos que trouxeram o figo para Valinhos. No ano seguinte, 1940, a Festa já estava criada, o que mostrou que, apesar da aparência de porte franzino do padre, o cônego demonstrou uma enorme força de vontade e conseguiu ser eficaz em seus objetivos conclamando comerciantes, industriais para a tão sonhada construção da Matriz de São Sebastião, padroeiro da nossa cidade. A edificação foi inaugurada em 19 de março de 1944.

Os locais da Festa

Matriz, Largo, Praça e Washington Luís até chegar ao Parque Municipal

Oficialmente a primeira festa foi realizada em 1949 e o primeiro local a sediar o evento acabou sendo as imediações da própria Matriz de São Sebastião. Posteriormente o evento passou a ser realizado no Largo de mesmo nome. No fim dos anos 50 a festividade ganhou volume com o aumento da popularização de Valinhos como capital do Figo Roxo que teve renome nacional. A antiga sede do Clube Atlético Valinhense passou a ser o palco, mas algumas atrações ainda aconteciam no Largo de São Sebastião. Em 1969 aconteceu a primeira Festa do Figo na Praça Washington Luís e, finalmente em 1976, o evento mais popular da cidade foi realizado no Parque Municipal que posteriormente recebeu o nome de Monsenhor Bruno Nardini em justa homenagem a seu idealizador.

Em 1953, a quarta edição foi na Fonte Sonia

As rainhas

Anos 50 e 60

O concurso que elege a rainha e princesas de cada edição da Festa do Figo é uma tradição. Saiba quem foi a rainha de cada concurso desde quando ele começou a ser realizado até o atual, começando pelas décadas iniciais:

1952: Amália Antoniazzi, 1953: Desirée Amalfi Walter, 1954: Rina Tortolo, 1955: Maria Aparecida Fior, 1956: Júlia Tordin, 1957: Elinor (Lola) Mamprim, 1958: Terezinha Capelato, 1959: Maria Bernardete Brandini, 1960: Maria Perseguetti, 1961: Akemi Kimpara, 1962: Doroti de Paula, 1963: Irene Pauludetto, 1964: Elenira (Lia) Steiner, 1965: Alzira Postal, 1966: Maria de Lourdes Canale, 1967: Ana Eliza de Moura, 1968: Elvira Maria Azevedo, 1969: Bernadete Corvini.

De 1970 à década de 2000

1970: Elizabeth Emília Gonçalves, 1971: Lúcia Helena Rovere, 1972: Márcia Capelato, 1973 e 1974 não houve.

1975: Rosana Spadaccia, 1976 a 1989 não houve. 1990: Paula Regina Carvalho, 1991: Claudia Lisandra Traldi, 1992: Nair Mathias, 1993: Marcia Brandão, 1994: Jussara Corvini, 1995: Francisca Queirós, 1996: Jussara Cristina Balduino, 1997 a 1999 não houve. Em 1998, Avelita Furlan foi escolhida como “musa” da festa.

2000: Vanessa Alves da Silva, 2001: Vanessa Aline de Paula, 2002: Patrícia Fernandes, 2003: Marianne Maioline, 2004: Hellisan Cristina Duque, 2005: Janaina de Paula Pinheiros, 2006: Carina Sotoriva Ribeiro, 2007: Kelly Cristina Bergamasco, 2008: Carolina Lacarini Giovani, 2009: Talita Capellato Borin,

De 2010 à atual

2010: Aline Mattos, 2011: Juliana dos Santos, 2012: Ana Carolina Vieira Ribeira, 2013: Joyce Lima de Oliveira, 2014: Drielle Fracaroli, 2015: Gabriela Grégio, A rainha é Gabriela Moraes Gregio, a 1ª princesa é Mariana Melissa de Souza e a 2ª princesa é Beatriz Zacharias.

2016: Brenda Mayume,

Brenda Mayume Souza da Silva, primeira princesa, Carolaine Fernanda da Silva e a segunda princesa Juliana dos Santos Gonçalves (2ª Princesa), e a 1ª Miss Simpatia Marianna Astolfi

 2017: Natália Francisco Lopes, Natália Francisco Lopes, 1ª Princesa Jéssica Portugal Chiaparini e 2ª Princesa Dayane Cristina Megiatto Lima.

2018: Gabriela de Oliveira. rainha Gabriela de Oliveira acompanhada da 1ª e 2ª princesa Júlia Tristão e Thalita Santos. 

2019: Rainha, Gabriela Mathias Oliveira, e pelas princesas Isabelly Karoline de Godoi e Amanda Caroline Amaral

2020: A rainha, Anny Eduarda Manoel Vieira; a primeira princesa, Verônica Vilas Boas; e a segunda princesa, Gabriela Antoniol

Agricultores premiados

Representantes da essência do evento, agricultores da cidade se esforçam o ano todo para apresentar as mais belas frutas de qualidade na Festa do Figo e Expogoiaba. Veja alguns deles que se destacaram em algumas edições

Irmãos Pelegrini recebem a premiação pelos produtos da exposição agrícola na edição de 1985

Antônio Fassina acumula troféus do evento

Yoshinobu Kusse, premiado produtor de goiaba na edição de 2003

Chicão Previtale, figura fundamental nas realizações de muitas edições da Festa

Memoráveis grandes shows

Desde o fim da década de 70, a maioria das edições da Festa do Figo contou com diversos shows de grandes artistas populares de renome nacional e até internacional. Relembre alguns deles:

Rita Cadillac e a Discoteca do Chacrinha vieram em 1979 e animaram os mais antigos

Demônios da Garoa representaram o samba do valinhense Adoniran Barbosa em 1984

Jair Rodrigues agitou a plateia em algumas edições

Banda do Brejo é o grupo que mais se apresentou na Festa até hoje

Dominó atraiu os jovens no fim da década de 80

Roupa Nova também marcou presença com muitos sucessos de novelas

Astro da Dance Music dos anos 90, Double You foi atração internacional em 1999

Mamonas Assassinas fez um show histórico em 1996, pouco antes da tragédia fatal

Leia anterior

Valinhos amplia oferta de atividades esportivas com 640 vagas gratuitas em 16 modalidades

Leia a seguir

Uma festa que nos define