

Um esquema de fraude envolvendo descontos associativos indevidos em benefícios do INSS provocou aumento expressivo na fila de espera por atendimentos e análises de processos, segundo relatório da Polícia Federal. A investigação revelou que a prática irregular afetou diretamente a capacidade operacional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), gerando impacto negativo no atendimento a milhões de segurados.
Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu mais de 1,9 milhão de solicitações relacionadas ao bloqueio ou à exclusão de mensalidades de sindicatos e associações. Desses, mais de 1,1 milhão foram pedidos apenas para remover o desconto do benefício previdenciário. Esse volume representou aproximadamente 16,6% de todos os requerimentos processados pela Central de Análise de Benefícios (CEAB-MAN) no período.
A Polícia Federal estima que somente os pedidos de exclusão de mensalidades consumiram mais de 392 mil horas de trabalho, o que equivale a cerca de 49 mil dias úteis de um servidor público. Além disso, cerca de 90,78% dos beneficiários informaram que não autorizaram o desconto, o que levanta suspeitas de fraude em larga escala.
O relatório da PF conclui que mais de 1 milhão de atendimentos poderiam ter sido evitados se o consentimento dos beneficiários tivesse sido corretamente registrado, como determina a regulamentação. Essa sobrecarga contribuiu para o retorno do crescimento da fila do INSS em 2024, agravando a situação de quem aguarda análise de aposentadorias, pensões e outros benefícios.
Como resposta emergencial, o governo federal editou uma medida provisória que retoma o pagamento de bônus aos peritos do INSS, com o objetivo de acelerar o processamento dos pedidos e reduzir o tempo de espera dos segurados.