Imigrantes italianos e japoneses deixam legado e tradição em Valinhos

Neste Dia do Imigrante, devemos relembrar e prestigiar aqueles que fizeram parte da história valinhense

Por Gabriel Previtale

No dia 25 de junho, a cidade de Valinhos se enche de gratidão e celebração em homenagem aos imigrantes italianos e japoneses que deixaram suas terras distantes para construir novas vidas nessa região. Essas duas culturas deixaram marcas profundas na história e na identidade de Valinhos, contribuindo para a diversidade cultural que define a cidade hoje.

Entre esses imigrantes, destaca-se a família italiana Trento, que chegou em dezembro de 1892 e construiu uma trajetória de sucesso e tradição ao longo dos anos. Nesta reportagem, conversamos com Antônio Félix Trento (1º presidente da Associação Cultural Ítalo-Brasileira De Valinhos), descendente direto desses imigrantes, aos 75 anos, compartilha com orgulho as memórias de sua família italiana que se estabeleceu no município há mais de um século. “Meu avô, juntamente com meus bisavós, desembarcaram em Valinhos no dia 22 de dezembro de 1892, vindo diretamente para a área conhecida hoje como Fonte Sônia”, relata Antônio.

Naquela época, muitos imigrantes italianos buscavam novas oportunidades no Brasil, atraídos pela promessa de uma vida melhor, como por exemplo o imigrante italiano Lino Busatto, que em 1901 introduziu a agricultura do Figo Roxo, produzindo em escala comercial, tornando nossa cidade conhecida nacionalmente como a Capital do Figo Roxo. Valinhos, com suas terras férteis e clima propício para a agricultura, era uma região promissora para a instalação desses imigrantes em busca de um novo começo. Já os Trento rapidamente se estabeleceram na cidade, e em 1899, o avô de Antônio, após alguns anos de trabalho árduo, se casou com uma moradora local. “Foi nesse momento que nossa família se tornou oficialmente parte da comunidade valinhense”, conta Antônio. “A arte de fazer vinho foi transmitida de geração em geração na nossa família. Eu mesmo ainda produzo um pouco do nosso vinho, é uma forma de honrar nossas raízes e manter viva essa tradição”, finaliza.

Já Hélio Yonemura, um agricultor de 56 anos, é um exemplo vivo da tradição imigrante japonesa e da perseverança no campo. Sua história remonta às raízes de sua família, os avós de Hélio chegaram ao porto de Santos em meados de 1934 e trabalhavam em várias fazendas, até que, no início da década de 1950, mudaram-se para Campinas, estabelecendo-se perto da fábrica de bolachas Triunfo.

A Fazenda Rio das Pedras, em Barão Geraldo, foi o próximo destino da família Yonemura. Ali, diversas famílias japonesas se estabeleceram, e foi por meio do jornal São Paulo Shimbun que eles souberam do loteamento da Fazenda Macuco. A oportunidade levou a família a arrendar terras para o cultivo de tomates, que na época era uma cultura de destaque. Em 1954, a Associação Cultural Nipo Brasileira do Bairro Macuco foi fundada, proporcionando lazer, festividades, troca de informações e campeonatos de Base Ball. A família Yonemura foi uma das pioneiras na aquisição de um sítio no local. O ano de 1958 marcou a compra do sítio em parcelas, seguido pela construção da casa em 1959. Inicialmente, a cultura principal era o tomate, mas devido a doenças e pragas, que impediam o cultivo por mais de dois anos consecutivos, a família continuou arrendando terras vizinhas. Em seguida, passaram a cultivar berinjela, repolho, abobrinha, pimentão e, no meio dessas culturas, iniciaram o plantio de pomares de árvores frutíferas.

A história da cultura da goiaba na região teve início graças ao avô da esposa de Hélio, que trouxe algumas mudas de Mogi das Cruzes. Foi o pai de seu cunhado quem, no início, plantou 500 pés de goiaba, mesmo com muitos dizendo que ele era “louco”. No entanto, ele tinha uma visão promissora, ao ver as goiabas sendo vendidas nas estações de trem de Bauru e ter o sonho de cultivá-las quando tivesse o próprio sítio. E assim ele o fez.

Embora a história da família Yonemura esteja intimamente ligada à cultura da goiaba, Hélio destaca a importância de preservar a memória de todos os imigrantes e lembrar que muitas famílias da cidade vieram da área rural. A família continua sendo associada à Nipo do Macuco, uma associação cultural que mantém viva a conexão entre os descendentes japoneses na região.

Valinhos, além de ser conhecida por suas belezas naturais e pela produção de frutas, também é um local onde a história de imigrantes como a família Trento e Yonemura se entrelaça com a identidade da cidade. Os imigrantes italianos e japoneses deixaram uma marca indelével em Valinhos, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e cultural do município.

A Associazione Italo-Brasiliana “Abruzzo Forte”, se uniu ao JTV nesta homenagem singela aos imigrantes italianos de Valinhos. Estes corajosos e valorosos imigrantes, que aqui chegaram de várias maneiras, depois de ter deixado a terra nativa com lagrimas nos olhos, atravessado o Atlântico em navios sem conforto, encontraram em Valinhos o ponto de partida para realizar seus sonhos. Com trabalho duro, persistente, fé, amor à família, honestidade, fizeram a Valinhos que temos hoje, uma cidade pujante e progressista.

A Associação Cultural Ítalo-Brasileira de Valinhos, desempenha um papel de grande importância na vida dos valinhenses devido à estreita ligação da cultura italiana com a história cultural da comunidade local. A associação foi fundada em dezembro de 1990, a pedido do Comites – Comitato Degli Italiani All’Estero di São Paulo, e oficialmente estabelecida em 12 de março de 1991.

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