Incerteza Global: Riscos crescem, mas América Latina se mantém estável

Política dos EUA, ciberataques e mudanças climáticas elevam riscos globais, enquanto América Latina mantém relativa estabilidade, aponta estudo da Control Risks

A economia global atravessa um período de incerteza, elevando os riscos para empresas e negócios. No entanto, a América Latina apresenta um cenário relativamente estável, segundo o estudo anual RiskMap da Control Risks, apresentado em webinar da Britcham.

Entre os fatores que contribuem para esse cenário incerto, destacam-se as políticas adotadas por Donald Trump, que reforçam o isolacionismo dos Estados Unidos e impactam a estabilidade geopolítica. Apesar disso, a América Latina não está no centro dessas mudanças, exceto no que se refere à questão migratória, que afeta principalmente a América Central e o México.

No Brasil, a postura do governo tem sido pragmática. Mesmo após o apoio declarado do presidente Lula a Kamala Harris nas eleições norte-americanas, o país optou por evitar confrontos em relação às tarifas impostas por Trump. A relação entre EUA e Argentina também está no radar, uma vez que o presidente Javier Milei demonstra alinhamento com Trump, mas não pode ignorar a importância das parcerias comerciais com a China. O mesmo acontece com o Brasil, que tende a fortalecer seus laços com os chineses diante do isolacionismo norte-americano.

Outro ponto de atenção discutido no webinar foi o aumento dos riscos cibernéticos. A dependência de um número reduzido de provedores digitais expõe empresas a impactos severos em caso de falhas ou ataques. Em 2024, um incidente com uma fornecedora de cibersegurança nos EUA resultou em prejuízos de US$ 5,2 bilhões, mesmo sem ter sido um ataque cibernético. A ação de hackers financiados por governos e a rápida evolução das ameaças aumentam os desafios para a segurança digital. O Brasil é o segundo país mais visado por ataques cibernéticos, com 700 milhões de tentativas anuais, o equivalente a um ataque por minuto. Apesar disso, a maioria das empresas ainda negligencia medidas preventivas adequadas.

Além da cibersegurança, o crime organizado e as mudanças climáticas foram apontados como fatores que ampliam os riscos para os negócios. A OCDE estima que o Brasil destine 1,3% do seu PIB para mitigar danos causados por eventos climáticos extremos. O avanço do crime organizado também preocupa, com sua expansão para o Nordeste e a Amazônia, fenômeno semelhante ao que ocorre no México.

O evento foi promovido pelo Comitê de Riscos & Seguros da Britcham, que atua no fortalecimento das relações empresariais entre Brasil e Reino Unido e na promoção de debates sobre o ambiente de negócios.

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