Proprietária do JTV há 10 anos, Marcia Duarte revisita memórias que formaram o informativo
Por Bruno Marques
No último dia 6 de março, o Jornal Terceira Visão completou 30 anos de existência. E para falar sobre este marco atingido com muito trabalho, profissionalismo, dedicação e comprometimento, a proprietária do jornal, Marcia Duarte, relembrou seu início na empresa, primeiro como funcionária, o sonho de ter um informativo, a realização e, por fim, a consolidação.
Como está sendo chegar à marca de 30 anos e mais de 1550 edições do Jornal Terceira Visão?
É um orgulho para mim. A cada semana é como se nascesse um novo filho. Tratamos com muito carinho cada edição do nosso semanário. A equipe do JTV é como se fosse uma família e, portanto, nossa criação semanal é sempre muito bem elaborada.
Mais de 10 destes 30 foram com você como proprietária. Mas seu trabalho no Jornal Terceira Visão começou muito antes. Conte um pouco sobre o começo do semanário e de como chegou ao JTV.
Meu primeiro trabalho com carteira assinada foi no Jornal Terceira Visão, à época comandado pelo Thales. Eu era secretária. Isso despertou em mim o gosto pela comunicação. A paixão começou aí.
O JTV nasceu em uma época onde a disputa política era muito acirrada. Havia dois grupos, os paragatas e os gravatinhas. Um jornal da cidade representava os paragatas e o outro os gravatinhas. O Terceira Visão (daí o seu nome) seria uma visão diferente dos dois grupos, sem pender para esse ou aquele lado. Uma visão independente. Esse era o pensamento do Dr. Luis de Almeida, que foi o seu fundador.
De lá para cá muita coisa aconteceu e o JTV trocou de dono por duas vezes. O médico Dr. Moysés Abujadi foi dono por um tempo e, em 2012, a missão passou a ser minha e da minha família.
E como foi a ação de adquirir o jornal? Por que você decidiu comprá-lo e como é a responsabilidade de tocar um veículo de imprensa?
Eu e o Fernando tocávamos uma loja de cestas de café da manhã chamada Empório das Cestas, mas o meu sonho nunca havia sido esquecido.
Fiquei sabendo nos bastidores que o Dr Moysés queria vender o jornal, mas não queria ninguém da política envolvido na compra. Falei para o Fernando e para minha irmã: Vamos comprar o Jornal Terceira Visão? Eles não acreditaram. Falaram que seria impossível. Eu então disse: Vamos lá conversar com o Dr Moysés para ver o que ele fala. Fomos e acabamos fechando o negócio.
No dia 26 de novembro de 2012 assumi o jornal e de lá para cá não parei mais, afinal a responsabilidade de fazer um jornalismo sério, com credibilidade, demanda muito tempo e trabalho.
Como foi a sua primeira formação de funcionários no JTV?
Quando comprei o jornal os funcionários eram: Mônica Aliaga e Jéssica Silva (eram ajudadas ainda pela Soninha Rossi) nas vendas, Carolina Mayeder era a recepcionista, Larissa Prado no administrativo, Rafael Lino na diagramação e arte final, Aloysio Moraes (in memorian) era o fotógrafo, Denise Sciamarella era jornalista e havia ainda sua estagiária, a Anne. Tinha o pessoal da entrega do jornal, Denilson e também o saudoso Sr. Osvaldo.
Conte um pouco sobre alguns funcionários marcantes que passaram pelo Terceira Visão
É difícil citar esse ou aquele colaborador. Todos tiveram a sua importância. Uns mais, outros menos, mas todos deram sua parcela de contribuição. Houve algumas figuras emblemáticas, como por exemplo, o Paulo Maróstica, que começou fazendo arte final, depois passou a fazer a diagramação e nos ajudou muito, afinal ele entendia de quase tudo e foi uma verdadeira “mão na roda” nas mudanças de endereço que foram necessárias. Um dos mais emblemáticos, com certeza, foi o “garotinho” Aloysio Moraes, que além de fotógrafo, era colunista social, colunista esportivo e “conselheiro”.
Na parte jornalística tivemos a Denise Sciamarella, a Inayara Poiani, o Guilherme Ferragut, o Eduardo Ferrari, o Bruno Marques (que foi e voltou), entre outros. Cada um à sua maneira colaborou e contribuiu com a história do Jornal Terceira Visão.
O que você precisou aprender neste tempo de mais de 10 anos à frente do JTV?
Tudo! Quando compramos o jornal não tínhamos ideia de como era feito, do que precisava, do trabalho que dava e de quantas pessoas eram necessárias. O equipamento que veio junto era arcaico. Computadores obsoletos, com monitores analógicos. Era tudo muito antigo. Trocamos tudo!
Aos poucos, tanto eu como o Fernando, sentimos a necessidade de conhecer tudo o que envolve o jornal. Então, com a ajuda dos colaboradores, fomos aprendendo tudo. Rota de entrega, diagramação, arte final, reportagens, redes sociais, etc. Tudo o que envolve o jornal, eu e o Fernando sabemos fazer e, assim, podemos exigir que nossos colaboradores produzam o melhor produto para o nosso cliente, que são nossos leitores e seguidores.
Conte um pouco sobre cada função dentro do JTV e cada processo de construção dos textos
Hoje o jornal conta com dois vendedores (um interno – Eliana e um externo – Jô Sousa), dois jornalistas (Bruno Marques e Victor Braga), uma estagiária (Rafaela Duarte), um artefinalista (João Lucas), um fotógrafo, videomaker e responsável pelo nosso estúdio (César Fonseca). Temos ainda o pessoal da entrega do jornal, a Carla Nunes e a Cristina Brocchi.
Mas, apesar dessa divisão, cada um faz um pouco de cada coisa e elogiam e criticam (construtivamente) os passos dados pela equipe.
Relembre os momentos mais difíceis. E quais os momentos altos e de diversão e celebração? (ano a ano)
Em 2012, quando compramos, as pessoas falavam que não duraria 3 meses, que iria falir, etc. Não aconteceu. Para desmistificar o rótulo de jornal político, entrevistamos o arquirrival do dono anterior (Dr Moysés), o ex-prefeito Marcos José da Silva, que estava deixando o poder naquele ano. Foi um boom!
Em 2013, iniciamos com a mudança de endereço da sede, para um lugar mais amplo e com melhores instalações. Foi uma luta, mas, ao final daquele ano fizemos o primeiro Jantar da Amizade. Foi um sucesso.
Em 2014, participamos ativamente da questão do rodízio em Valinhos e tivemos a nossa primeira experiência com as eleições, tendo já naquela época, recebido candidatos a deputado federal e estadual em nossa sede.
Em 2015, passamos por algumas dificuldades, mas as enfrentamos, sempre com dignidade, e as vencemos.
Em 2016 houve a eleição para prefeito de Valinhos e as matérias publicadas pelo Jornal Terceira Visão nortearam as campanhas políticas que definiram o Dr Orestes Previtale como o prefeito eleito de Valinhos.
De 2017 até o final de 2019, muitas foram as dificuldades, mas o bom jornalismo venceu novamente.
Em 2020, uma pandemia acometeu a todos e não poderia ser diferente com o JTV. Tivemos que dispensar funcionários, paramos a impressão do jornal (que passou a circular online pelo whatsapp) e entramos de cabeça na era digital. Trabalhamos 4 vezes mais do que o normal para poder informar a população.
No final de 2020, voltamos a imprimir o jornal, pois sentíamos falta de “pegar” no jornal e nossos leitores também.
Em 2021, tivemos outra parada com o jornal impresso, devido à segunda onda da pandemia. Mas voltamos com força total.
O Jornal Terceira Visão está mais vivo do que nunca!
Numa época de fake news e de notícias mais publicitárias, qual a importância de manter um jornalismo profissional?
A importância é diretamente proporcional à necessidade das pessoas em terem um veículo de qualidade e credibilidade. Como costumo falar, se é bom e faz a coisa certa eu publico e falo exatamente isso. Se fez bobagem e está errado, eu também falo. Esse é o bom jornalismo, que mostra todos os lados da notícia.
E qual a sua motivação para continuar e até quando?
Eu me sinto muito motivada. Minha filha está fazendo faculdade de jornalismo e deve continuar o meu trabalho no futuro, mas, como diz Everaldo Marques, “enquanto tem bambu, tem flecha” e eu pretendo continuar por muito tempo ainda.