Estudantes de colégio particular, em Valinhos, compartilharam imagens nazistas e fizeram comentários xenofóbicos e racistas
Um jovem de 15 anos, filho de um congolês com uma brasileira, foi colocado em um grupo de WhatsApp com outros adolescentes que estudam na mesma escola que ele, o Colégio Porto Seguro, cuja mensalidade custa mais de R$ 4.600 e é uma das instituições de ensino mais caras do país.
Ao tentar alertar aos mais de 30 participantes do grupo “Fundação Anti Petismo” que a propagação daquele tipo de mensagem era crime, o jovem negro passou a ser alvo de ataques. Nas mensagens recebidas estão imagens do ditador alemão Adolf Hitler e frases como “pela reescravização dos nordestinos” e “quero sua mãe, aquela negrinha”.
A mãe do rapaz, a advogada Thaís Cremasco, diz que não é a primeira vez que o filho é alvo de racismo dentro do colégio em que estuda. Um boletim de ocorrência contra a escola e os alunos envolvidos foi registrado na delegacia. Segundo ela, mesmo que os crimes não tenham sido cometidos dentro do ambiente escolar, o colégio tem que tomar alguma atitude diante do que foi publicado no grupo de mensagens.
“As pessoas precisam entender que esse tipo de crime é muito grave. Se meu filho fosse pego com uma arma dentro de um shopping, por exemplo, certamente estariam pedindo a expulsão dele da escola”, explica Thaís. Ao levar o caso a um grupo com pais de alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, a advogada disse que tentaram minimizar a situação dizendo que aquilo era uma brincadeira de adolescentes.
“É um colégio de pessoas de elite, de uma mensalidade alta, e meu filho é um jovem negro inserido neste meio. Um dos rapazes que o atacou é branco e tem 17 anos. Muitos desses pais que estão relativizando o caso são os mesmos que pedem redução da maioridade penal para jovens negros da periferia, da mesma idade dos seus filhos, quando cometem alguma infração”, denuncia a mãe.
De acordo com Thais, o colégio comunicou que um dos adolescentes que escreveu mensagens ofensivas no grupo do WhatsApp está suspenso das aulas, mas por indisciplina dentro da escola e não pelos ataques feitos contra o seu filho. Para ela, falta uma atitude mais contundente da escola contra os alunos que estão propagando racismo e xenofobia.