Os principais centros meteorológicos mundiais preveem uma rápida transição do fenômeno El Niño para o La Niña entre os meses de julho e setembro deste ano. Embora ainda não seja possível determinar com precisão os impactos, a intensidade ou o alcance das anomalias de temperatura na superfície do mar, sabe-se que o fenômeno afeta padrões de chuva e temperatura em diversas regiões do planeta.
O Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais (Cemaden) emitiu uma nota técnica alertando sobre os possíveis impactos dessa mudança climática. Apesar das incertezas, o órgão ressalta que continuará monitorando e avaliando a situação periodicamente, conforme explica Regina Alvalá, diretora substituta do Cemaden: “Ainda não podemos afirmar com exatidão quais serão os impactos e as regiões afetadas por excesso ou falta de chuvas.”
O fenômeno La Niña é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, especialmente na região equatorial próxima ao Peru e Equador. Esse fenômeno, que pode durar mais de um ano, faz parte de um ciclo natural conhecido como Oscilação Sul, que também inclui o El Niño (aquecimento) e condições neutras.
Historicamente, o La Niña no Brasil está associado a chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste, e chuvas abaixo da média no Centro-Oeste e Sul, além de anos com temperaturas mais frias. No entanto, o Cemaden ressalta que cada ocorrência do fenômeno é única e depende de diversos fatores, como a localização das anomalias de temperatura no Pacífico e a configuração do Atlântico.
Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, projeta que os impactos do La Niña no Brasil podem se manifestar na primavera de 2024, com redução das chuvas no Sul, o que pode causar preocupação devido à recente seca prolongada na região. “Existe a possibilidade de retornarmos a um cenário de seca”, alerta.
Além disso, episódios de frio mais intenso também podem ocorrer na primavera, afetando a saúde de pessoas vulneráveis e causando prejuízos à agricultura, especialmente com a ocorrência de geadas tardias.
Para as regiões Norte e Nordeste, espera-se uma estação chuvosa abundante a partir de outubro e novembro de 2024, enquanto nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o impacto do La Niña nas chuvas tende a ser menos significativo.