Tem sido cada vez mais comum as pessoas levantarem a “bandeira” a favor da obesidade, defendendo que este é um movimento de aceitação do próprio corpo. E uma forma de acabarmos com o preconceito contra as pessoas que estão acima do peso.
Que a pessoa fora dos “padrões” estéticos, como os obesos, não deve sofrer preconceito é fato. A obesidade é uma doença, não é desleixo ou falta de vontade. Nenhuma brincadeira ou discriminação sobre esse estado deveria acontecer. Mas, infelizmente, acontece e deixa marcas que podem impactar por toda a vida.
Na maioria das vezes, a pessoa obesa não se aceita, sente vergonha de sair de casa, não encontra roupa para comprar, se sente julgada por onde passa. É péssimo? É, sim, mas, infelizmente, é a realidade. Eu poderia escrever livros sobre todas as histórias tristes que ouço dos meus pacientes bariátricos e sobre tudo que a obesidade roubou deles.
Mas se conheço tão bem a realidade das pessoas obesas, por que, então, eu estou abordando a questão da “romantização” da obesidade? Porque, quando falamos de aceitação do próprio corpo, o que é muito importante, focamos apenas na questão estética. A doença obesidade, no entanto, vai muito além.
A obesidade mata! Ela causa e agrava outras doenças. Temos uma lista delas, como hipertensão arterial; apneia do sono; dislipidemia (aumento do colesterol ou do triglicérides), que leva à síndrome metabólica; esteatose hepática (gordura no fígado), que, em casos graves, pode levar a uma hepatite chamada esteato-hepatite; problemas osteoarticulares, como hérnias de discos, protrusão discal, dores articulares; problemas de articulação dos joelhos, como condropatia patelar; e problemas nos pés, como a fascite plantar. Temos, ainda, outros problemas, como o diabetes mellitus, uma das doenças mais graves que existem. As doenças metabólicas, como o diabetes, também causam complicações na microcirculação, que podem levar a doenças cardiovasculares, como anginas, infartos, derrames, ou, ainda, a alterações renais, como a nefropatia, e problemas visuais, como a retinopatia.
E não é só isso! A obesidade também é fator de risco para, pelo menos, 13 tipos de câncer: esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (especialmente mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireóide e mieloma múltiplo.
Portanto, lembre-se: a obesidade afeta a qualidade de vida e diminui a expectativa de vida. Ela está longe de ser uma questão de estética ou de aceitação. Se você é obeso, mesmo que sua aparência não o incomode, procure um médico e veja qual o melhor tratamento, entre os clínicos, endoscópicos e cirúrgicos, para a sua obesidade.