O navio aporta em Salvador, a capital do estado da Bahia. Mas não descemos, pois já tínhamos visitado algum tempo atrás a cidade dos soteropolitanos, com sua magnífica arquitetura colonial portuguesa, sua expressiva cultura afro-brasileira e seu extenso litoral tropical. Salvador que ostenta o bairro do Pelourinho, dele fazendo o seu coração histórico, com vielas de paralelepípedo terminando em praças grandes, prédios coloridos e igrejas barrocas, como a de São Francisco, com trabalhos em madeira revestidos com ouro. Salvador das baianas de acarajé, das festas de Iemanjá, terra dos Orixás, do carnaval de trios elétricos e dos famosos camarotes verticais.
Mas Salvador não foi nosso destino. Nosso destino foi o Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa que ostenta o Cristo Redentor nos recebendo de braços abertos, cujo monumento é uma das sete maravilhas do mundo moderno. Também não íamos descer porque o Rio de Janeiro é uma antiga conhecida. Mas do local onde o navio estava ancorado avistávamos o Museu do Amanhã, erguido ao lado da Praça Mauá, na zona portuária, abrigado num prédio grandioso projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. E, por insistência das amigas Solange e da sua mãe, a ágil e vivaz Inês, fomos vencidos e não resistimos, minha esposa Mirian e eu, juntamente com as perseverantes amigas, fortemente bloqueados, e dotados de heroico espírito aventureiro, verdadeiros turistas, enfrentamos o escaldante sol de 37 graus e fomos, a pé, visitar o Museu.
Tivemos que contornar o cais, mas valeu a pena. Para começar, que diferença do porto de Santos. O porto do Rio de Janeiro, seu cais e toda a sua cercania foi remodelado e revitalizado para as receber as Olimpíadas de 2016, assim como a Praça Mauá: amplo espaço para circulação, áreas livres e arborizadas, muito bem policiadas, num flagrante contraste com o judiado e degradado porto de Santos.
O Museu do Amanhã é um lugar de ideias, explorações e perguntas para que possamos refletir sobre como queremos viver com o planeta e entre nós mesmos. Em suas instalações propõe, nas exposições permanentes, em síntese, as seguintes questões que estão sempre presentes em nosso pensamento: quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir?
De bônus, no andar térreo, ganhamos um presente: pudemos conhecer a mostra Amazônia do famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cuja exposição lembra quão impressionante a vida na floresta é, seja na visão aérea que traz a curva luminosa de um rio, seja nos minuciosos adornos utilizados pelos povos originários.
Ficamos impressionados, tanto pelas características do prédio e seu entorno, cercado pela Baia da Guanabara, quanto pelas exposições. Museu de primeiro mundo, com equipamentos tecnológicos de primeiríssima geração que permite a interação do visitante com a proposta ofertada. De minha parte confesso que me senti orgulhoso! Por que outros locais não poderiam ser assim cuidados, ter esse tratamento?
Voltamos a pé para o navio. Escaldados, mas felizes por termos tido essa oportunidade que, repito, não fosse a insistência das nossas amigas, não desfrutaríamos.
Semana que vem ainda tem mais, e vocês leitores estoicos, que teimam em ler a minha coluna, saberão, afinal, a estória dos pequenos Benjamin e Bernardo.
Até lá!