Recentemente escrevi sobre o direito de “não ir”, argumentando que, se temos o direito de “ir e vir”, temos também o direito de “não ir”, de não aceitarmos convites ou permanecermos em eventos, ambientes ou locais em que não nos sentimos bem, à vontade.
Da mesma forma, dizer “não”, de maneira adequada, contribui para melhorar a nossa qualidade de vida.
Eu sei que é muito difícil, senão quase impossível, para muitos de nós, dizer “não”, mesmo estando cientes de que isso poderia nos prejudicar. Não é saudável, nem lógico, sacrificar o próprio bem-estar para agradar aos outros. Infelizmente fazemos isso porque não conseguimos dizer “não”.
Mas temos que mudar essa conduta, essa atitude. E, para que possamos assim agir, temos que ser disciplinados, aprendendo a nos autorrespeitar e, sobretudo, a nos estimar.
“O autorrespeito é a raiz da disciplina; a noção da dignidade cresce com a habilidade de dizer não a si mesmo” (Abraham Lincoln).
Precisamos dizer não a nós mesmos quando uma determinada situação nos leva para determinado desconforto, ou mesmo para um caminho tortuoso.
Para isso é preciso que afastemos a falta de coragem, que nos consideremos merecedores daquilo que nos faz felizes, que entendamos que devemos deixar de lado a necessidade de agradar o outro, de trabalharmos para desenvolver nossa autoestima, de sepultarmos questões da infância mal resolvidas e de experiências negativas sofridas ao longo da vida. E, para tanto, devemos buscar o autoconhecimento.
O autoconhecimento nos leva a acessar mais facilmente esses fatores limitantes — muitos dos quais atuam no inconsciente — e superar o medo de dizer “não”. O autoconhecimento é fundamental para que aprendamos a nos valorizar e a gostarmos de nós mesmos.
Quem eleva a própria autoestima adquire autoconfiança para tomar as decisões certas. E, com uma ressalva: só é possível dizer “não” aos outros quando nos tornamos fortalecidos a ponto de conseguirmos dizer “sim” a nós mesmos.
Um “não” adequado e justo é, de fato, um grito de liberdade para quem o dá e para quem o recebe.
Portanto, vamos exercer, como uma grande conquista pessoal, o direito de dizer “não”!