Não existe história do Brasil sem a figura ímpar de José Bonifácio de Andrada e Silva, o nosso Patriarca da Independência.
Ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, foi importante figura de apoio ao Imperador Dom Pedro I quando este proclamou a independência do Brasil. José Bonifácio defendia a abolição da escravatura de modo gradual e planejado, e buscava, enquanto conselheiro da Coroa, províncias mais unificadas, para que a independência do Brasil pudesse acontecer.
Com o tempo, desentendeu-se com a figura polêmica de Dom Pedro I e acabou por exilar-se na França por seis anos. Reconciliado com a Coroa, e a pedido do próprio Dom Pedro I, regressou ao Brasil e tornou-se o tutor de Dom Pedro II, até ser demitido pela Regência, no ano de 1833.
Afastado do poder, abandonou por completo a vida pública e passou a viver recluso em sua casa na ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. Pobre e esquecido, Bonifácio viria a falecer aos 75 anos no ano de 1838 em Niterói. Seu corpo foi embalsamado e como ele nasceu em Santos, foi enterrado em sua cidade natal, tendo o seu corpo sido trasladado do Rio de Janeiro para a capela-mor da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo, na cidade santista.
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Seu túmulo permaneceu sem nenhuma identificação por mais de 30 anos, quando as autoridades decidiram erguer um panteão em sua homenagem, pois sentiram que a memória de José Bonifácio estava sendo esquecida. A capela-mor, que abrigava o corpo de José Bonifácio, acabou tornando-se o Panteão dos Andradas. Iniciada sua construção em 1921, este panteão não só homenageia José Bonifácio, mas também os seus irmãos Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Patrício Manoel de Andrada e Silva que também tiveram participação na história do Brasil.
Contudo, apesar do Panteão erguido em sua homenagem, e de ter José Bonifácio mudado a história da nação brasileira, ele já não é mais lembrado.
O herói nacional, o homem brilhante, o homem que tornou possível a nossa independência, o homem que atuou intensamente pela elaboração de leis em defesa do país, o homem que redigiu o manifesto que expressava a intenção do Brasil de não mais submeter-se à condição de colônia de Portugal, o homem que articulou diversos setores e segmentos em prol da independência, o homem que direcionou Dom Pedro I a garantir a unidade das províncias, o homem que formou intelectual e politicamente o grande governante, o monarca e estadista, Dom Pedro II, está esquecido. Esquecido nas escolas, nos meios midiáticos, e pela grande imprensa. Esquecimento esse agravado pelo advento da República que, ao derrubar a monarquia, e exilar Dom Pedro II, fez de tudo para apagar da história o regime imperial.
E, muito embora José Bonifácio nomeie algumas ruas do Brasil, o seu povo não mais o reconhece.
Não há mal maior que sonegar a história de uma nação e a história do Brasil é muito mal contada por quem está com o poder nas mãos. Sem as devidas referências, resta apenas a incompreensão do agora e a incerteza do amanhã. Essa é a fórmula ideal para a criação de uma sociedade desnorteada.
Nós temos que ter orgulho de nossa história. Existem heróis em nosso país. Uma nação sem heróis é uma nação sem exemplos, é uma nação sem referências.