Presidente da Associação LGBT+ de Valinhos denuncia falta de políticas públicas e pede mais respeito, equidade e inclusão no município
“Hoje, não cabe mais a exclusão, o preconceito, a desigualdade e a violência de gênero”


No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho, o Jornal Terceira Visão ouviu o professor e presidente da Associação LGBT+ de Valinhos, Luís Fernando Crespo, 45. Ele relembra as origens históricas da data, denuncia a ausência de políticas públicas locais e convida Valinhos à reflexão sobre respeito, empatia e cidadania.
Qual é o significado do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ para você e para a Associação?
É uma data que rememora a Revolta de Stonewall, marco da resistência contra a repressão policial em 1969. Mais do que comemorar, é reafirmar nossa existência, exigir políticas públicas e resistir ao apagamento. O orgulho é dignidade, é o direito de ocupar todos os espaços.
Como você avalia os avanços e desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ em Valinhos?
Não houve avanços. Falta reconhecimento. Todos vivemos, trabalhamos e contribuímos com Valinhos. A ignorância gera exclusão. Precisamos parar de pensar em “normalidade” como justificativa para desigualdade.
O que ainda falta em políticas públicas na cidade?
Faltam centros de referência, planos estruturados, capacitação de servidores, educação inclusiva, atenção à saúde trans e ações contra a violência. A interseccionalidade é ignorada. E tudo começa pela educação das crianças para um convívio mais humano e coletivo.
Como a população pode apoiar efetivamente a causa?
Com respeito, escuta e acolhimento. Rejeitar piadas ofensivas, apoiar políticas inclusivas, consumir de pessoas LGBTQIA+, cobrar representantes e compartilhar conteúdos educativos. Pequenas atitudes constroem uma cultura de equidade.
O preconceito ainda é uma realidade. Que tipo de denúncia vocês recebem?
Violência verbal, física, exclusão no trabalho e expulsão de casa, especialmente contra pessoas trans. As vítimas têm medo de denunciar. Falta efetividade das instituições e políticas reais de acolhimento e proteção.
Como é o diálogo com o poder público local?
Não há abertura. Falta reconhecimento e apoio até para realizar eventos. As pautas são deslegitimadas. Mesmo assim, com pouco apoio, realizamos a I Parada LGBT+ e o CarnaVale, com civilidade e alegria.
Como acolher a juventude LGBTQIA+ diante de abandono e bullying?
Com empatia, escuta ativa e espaços seguros. É fundamental validar suas vivências, garantir que não estão sozinhos e oferecer apoio emocional e acesso à saúde mental. A solidariedade salva vidas.
Qual o significado da bandeira LGBTQIA+?
Representa diversidade, dignidade, igualdade e esperança. Cada cor tem um sentido. Mais que um símbolo, é um chamado à inclusão. Respeitar essa bandeira é respeitar milhões de vidas.
Que mensagem você deixa neste Dia do Orgulho?
Desejo que Valinhos se reconheça como uma coletividade que valoriza as diferenças. Que o 28 de junho entre no calendário oficial da cidade. Existimos! Somos juntos! E quem se incomoda, precisa entender que exclusão não cabe mais no presente.





