Téka Pinheiro homenageia Zumbi em poema reconhecido nacionalmente

A força da poesia valinhense ganha destaque nesta semana em homenagem ao Dia da Consciência Negra. A escritora, jornalista e poetisa Maria Teresa Pinheiro, conhecida como Téka Pinheiro, compartilha com os leitores um de seus poemas mais célebres: “Zumbi, Rei dos Palmares”, publicado originalmente em 1989 na IV Antologia de Poetas e Escritores do Brasil. A obra celebra o líder Zumbi e a luta pela liberdade do povo negro, escrita em referência ao Centenário da Abolição (1888–1988).
Téka é integrante da Academia Valinhense de Letras e Artes (AVLA), onde ocupa a Cadeira nº 28. Seu texto ultrapassou fronteiras literárias e recebeu reconhecimento nacional, inspirando adaptações teatrais, pesquisas acadêmicas, homenagens escolares e até publicação em blog da atriz Fabiana Karla, da Rede Globo.
ZUMBI, REI DOS PALMARES

Hoje, passado um século,
alegremente venho exaltar
o rei negro, valente, indomável,
que viveu pra sua raça libertar.

Quem ainda nunca ouviu falar do negro,
pare um pouco agora pra escutar.
Como é linda a história deste anjo,
que resolvi, neste dia, lhes contar.

Cansado de viver no cativeiro
e vendo sua gente só sofrer,
Zumbi rompeu a rede da injustiça
e, nas matas, com seu povo, foi viver.

Negro de pele brilhante e de ideias liberais,
célebre por sua coragem e por sonhos divinais,
Zumbi fundou, no Estado de Alagoas,
o “Quilombo dos Palmares”.

Na busca incessante da paz tão sonhada,
fugindo dos açoites e dos ferros em brasa,
do medo dos senhores e da aflição da senzala,
na Serra da “Barriga” fizeram morada.

Protegidos por florestas de palmeiras
e tendo o velho mestre na dianteira,
os filhos do infortúnio e da tortura
esqueceram-se das algemas e das canseiras.

Filhos das matas, dos rios e cascatas,
amigos dos bichos e da lua prateada,
ignoraram o grito de dor que, longo tempo, suportaram,
respirando o ar puro das montanhas abençoadas.

Subiram serras, ouvindo o sabiá,
pularam vales, atrás do uirapuru,
dormiram no seio da noite azul,
correram montes de Norte a Sul.

Mas, um dia, o terror lá no morro chegou,
e o que era só felicidade, de repente, sucumbiu.
Os capitães do mato os encontraram,
e uma enxurrada de sangue desceu pelo triste rio.

Só que o pai negro, gigante e justiceiro,
guardião da fortaleza e protetor dos infelizes,
que tinha no sangue a justa rebeldia,
driblou a todos com grandiosa maestria.

Passados alguns anos, o nosso herói tombou vencido,
traído cruelmente por um antigo amigo.
Seu povo, finalmente, foi dominado e humilhado,
e o “Quilombo de Zumbi” foi esquecido.

Quer saber as últimas notícias de Valinhos, siga o nosso Instagram: https://www.instagram.com/jornalterceiravisao/

Leia anterior

Dois acidentes em Valinhos em cinco dias alertam para mal súbito ao volante

Leia a seguir

IBGE abre concurso com mais de 9 mil vagas e salário de até R$ 3.379,00