Nos bastidores Zé Carlos negava qualquer acusação e se dizia vítima de perseguição política
O presidente da Câmara de Campinas, Zé Carlos (PSB), alvo de uma operação que o aponta como responsável por pedir propina a empresas terceirizadas da Casa de Leis retornou aos trabalhos após uma semana fora. Ele esteve na Câmara durante a manhã de segunda-feira, onde realizou algumas decisões. Nos bastidores, quando falava sobre o caso, o parlamentar negava qualquer acusação e se dizia vítima de perseguição política.
O advogado de defesa, Ralph Tórtima Filho, informou que Zé Carlos ainda não teve acesso ao conteúdo das denúncias. Ele já pediu à Justiça acesso aos autos e também ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), mas não houve respostas de ambos os lados. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) justificou afirmando que só poderá dar acesso aos autos quando todas as investigações forem encerradas.
Rafael Creato acusado do mesmo crime, servidor comissionado de Zé Carlos, por orientação da defesa, entrou de férias a partir desta segunda-feira. “Por orientação do advogado que o representa, o servidor decidiu se afastar utilizando-se de suas férias regulares e legais, permanecendo de qualquer forma à disposição das autoridades” informou a Câmara.
Haroldo Cardella, que representa Creato, também informou que já pediu acesso aos autos, mas não teve sucesso. “É inadmissível e lamentável que em um Estado democrático o cidadão não tenha assegurado o seu direito constitucional de ter pleno acesso à íntegra do material colhido e já documentado em uma investigação. Essa demora absolutamente injustificada no compartilhamento dos elementos de prova contraria frontalmente os princípios da ampla defesa, do devido processo legal e da comunhão da prova”, informou.
Presidência
A pressão que vem sendo feita para que Zé Carlos deixe o cargo de presidente da Câmara pode resultar em um feito inédito na Casa de Leis de Campinas. Se ele sair, quem vai assumir será a primeira vice-presidente Débora Palermo (PSC). Com isso, ela será a primeira mulher a presidir a Câmara na história da cidade.
Caso ela decida ficar no cargo, há um porém – Débora não poderá concorrer a uma nova eleição, já que o Regimento Interno da Câmara não permite reeleição para a presidência na mesma legislatura.
Se Débora não quiser assumir, o próximo e último na linha sucessória é Luiz Rossini (PV), que também é líder de governo e segundo vice-presidente. Em caso de nova renúncia, uma eleição para período que falta até as próximas eleições da Câmara deverá ser feita.