Presidente de Madagascar dissolve Parlamento e foge do país em meio a levante militar e protestos da Geração Z

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, dissolveu o Parlamento do país nesta terça-feira (14), em meio a uma grave crise política e militar. A decisão, oficializada por decreto, ocorre dias após o mandatário fugir do país no fim de semana, quando militares rebeldes assumiram o controle das Forças Armadas.

Rajoelina enfrenta um processo de impeachment e, em um discurso feito de local não revelado na noite de segunda-feira (13), afirmou que não pretende deixar o governo, apesar da pressão popular e do avanço dos protestos liderados pela chamada Geração Z. O presidente justificou a dissolução do Parlamento dizendo que a medida seria necessária para “restaurar a ordem no país”, e prometeu novas eleições a partir de dezembro.

O Parlamento, no entanto, não reconheceu o decreto presidencial. O líder da oposição e vice-presidente da Assembleia Nacional, Siteny Randrianasoloniaiko, declarou que o ato é “juridicamente inválido” e que a casa não foi consultada. Além disso, a polícia do país rompeu com o governo e declarou apoio aos manifestantes.

Segundo a agência Reuters, Rajoelina deixou Madagascar em um avião militar francês, após unidades do exército desertarem e se juntarem aos protestos. Fontes citadas pela rádio francesa RFI afirmam que o presidente teria firmado um acordo com Emmanuel Macron, presidente da França. O paradeiro atual do líder malgaxe segue desconhecido.

Com a saída de Rajoelina, o presidente do Senado, Jean André Ndremanjary, foi nomeado para exercer as funções presidenciais temporariamente. O anterior havia sido destituído na segunda-feira (13), após se tornar alvo da indignação pública.

Os militares anunciaram, em vídeo, que todas as ordens do exército agora partem do quartel-general do CAPSAT, órgão que reúne os oficiais administrativos e técnicos do país. O comunicado veio após o governo acusar uma “tentativa ilegal e violenta de tomada do poder”.

Os protestos da Geração Z em Madagascar começaram em setembro, motivados por cortes de água e energia, mas rapidamente se transformaram em um movimento contra a corrupção, o desemprego e a desigualdade. Segundo a ONU, pelo menos 22 pessoas morreram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança desde o início das mobilizações.

A crise marca mais um capítulo na instabilidade política de Madagascar, país que acumula uma série de golpes e levantes populares desde sua independência da França, em 1960. Rajoelina, que já havia chegado ao poder após um golpe em 2009, foi reeleito em 2018 e novamente em 2023 — eleições contestadas pela oposição.

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