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“Prevalência da hipertensão nos adultos é de 30%”

No último dia 26 foi celebrado o Dia da Prevenção e Combate à Hipertensão. Pela ocasião, esta reportagem entrevistou Carla Patrícia da Silva e Prado. Ela tem 52 anos e é coordenadora do departamento de cardiologia da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas), onde mora e atende desde 1999.

Carla se formou em 1995, fez residência em Clínica Médica e Cardiologia, e pós-graduação em Ecocardiografia.

Em um modo bem simples para a população mais leiga, como você explicaria a importância dos cuidados com a pressão arterial?

São considerados valores normais de pressão arterial sistólica (máxima) até 139 mmHg e diastólica (mínima) até 89 mmHg. Sendo o ideal para a sistólica até 120 mmHg e diastólica até 80 mmHg.

Valores acima dos descritos são considerados hipertensão se estiverem de forma “sustentada”, ou seja, estiverem presentes em mais de duas consultas médicas ou após a realização de exames com múltiplas medidas, como a MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) ou MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial).

Das doenças crônicas, a hipertensão é a mais prevalente. Ela é responsável por 50% das mortes de origem cardiovascular. Portanto, ter os níveis de pressão dentro de valores normais é fundamental para evitar problemas cardíacos, cerebrais e das artérias.

Como e em quais outros aspectos a hipertensão pode prejudicar a saúde?

Níveis elevados de pressão arterial podem causas sobrecarga no coração, provocando hipertrofia (aumento da massa muscular), prejudicando, assim, o desempenho cardíaco. É também um dos fatores de risco para a aterosclerose (formação de placas de gordura nas artérias), com possibilidade de obstrução dos vasos do coração e cérebro, podendo ser causa de infarto e Acidente Cerebral Vascular Isquêmico (AVC), principais causas de morte no mundo.

Quais os sintomas mais comuns da hipertensão e o que a pessoa deve fazer quando ela é diagnosticada?

Um dos grandes problemas da prevenção e controle da hipertensão é que é uma situação clínica, na maioria das vezes assintomática. Os sintomas relacionados a níveis crônicos e elevados da pressão arterial só acontecem quando já há dano dos sistemas acometidos, que pode ser o coração (insuficiência cardíaca ou insuficiência coronariana), cérebro (AVC, demência vascular), sistema arterial periférico (dor nas pernas ao caminhar), na retina (levando a dificuldade na visão) e renais (uma das causas de insuficiência do funcionamento dos rins). Portanto, a única forma de sabermos se nossos níveis de pressão estão controlados ou altos é aferindo a pressão arterial, preferencialmente com um profissional treinado.

Qual é a proporção de pessoas com hipertensão que você atende e quais os principais problemas relatados?

A prevalência da hipertensão nos adultos é de 30%. Sendo maior ao longo dos anos de vida. Em indivíduos a partir dos 60 anos, a prevalência chega a 65%, ou seja, a partir dos 60 anos, a cada 10 idosos, de 6 a 7 serão hipertensos.

Na rotina no consultório do cardiologista, a maior demanda de atendimentos é relacionada à hipertensão.

Quais as origens mais comuns da hipertensão e suas causas?

A hipertensão tem como causa um conjunto de quesitos. A herança genética (relacionada à diversos genes – poligênica) é inegável. Filhos de pai e mãe hipertensos têm probabilidade maior de 50% de se tornarem hipertensos na vida adulta. Algumas situações clínicas e habituais também têm íntima relação com níveis elevados de pressão, as mais conhecidas são: sedentarismo, obesidade, consumo elevados de sal e de alimentos processados e ultraprocessados e álcool, tabagismo, síndrome da apneia obstrutiva do sono, uso de alguns medicamentos e presença de outras doenças associadas, como diabetes e dislipidemias.

Há relação de hipertensão com depressão, solidão e ansiedade? Se sim, quais?

Sim, os níveis elevados de pressão arterial têm relação com o diagnóstico de depressão/ansiedade. O estado emocional é importante na homeostase (funcionamento adequado do nosso organismo) e na liberação de certas substâncias químicas que podem elevar a pressão, os batimentos cardíacos e a retenção de líquido. Quando essa situação se torna crônica e não tratada pode ser a causa de hipertensão. Tratamento com especialista é recomendado, bem como a prática da resiliência, gratidão e fé. Ter planos e objetivos para a nossa vida ajuda a prevenir e controlar nossos níveis pressóricos.

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