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Professora fala sobre importância e aprendizado no Dia da Língua Portuguesa

Regislane enfatiza que, no ensino da língua portuguesa, não há um método único devido à natureza dinâmica da linguagem, que reflete a cultura e evolução da sociedade

Em uma conversa com Regislene Dias de Almeida, professora de Língua Portuguesa, moradora de Valinhos, exploramos sua trajetória e abordagem no ensino da língua. Regislene compartilha que sua escolha pela profissão foi impulsionada por sua paixão pela literatura, desenvolvida desde a infância. “Minha escolha por ser professora de língua portuguesa esteve diretamente relacionada ao meu gosto pela literatura. Desde criança, meu interesse por livros era notável e foi se intensificando com o passar do tempo.” Hoje, ela leciona para o Ensino Fundamental II e para a Educação de Jovens e Adultos, embora tenha experiência em diversos níveis da educação básica e profissional.

Regislene é formada em Letras, com licenciatura em Português e Inglês, desde 2001, e possui mestrado em Letras pela Universidade de São Paulo. Iniciou sua carreira na rede estadual de ensino, lecionando para o ensino médio e fundamental. Atuou em cidades como Sumaré e Campinas, e de 2017 a 2023, integrou a rede municipal de Valinhos. “Fui professora da rede municipal de Valinhos de 2017 a 2023, período em que trabalhei majoritariamente na EMEB Jorge Bierrenbach de Castro, no Parque das Colinas, escola pela qual tenho imenso carinho.” Atualmente, ela trabalha na rede municipal de Paulínia.

A entrevistada trabalhou na EMEB Jorge Bierrenbach de Castro entre 2017 e 2023

A professora enfatiza que, no ensino da língua portuguesa, não há um método único devido à natureza dinâmica da linguagem, que reflete a cultura e evolução da sociedade. “A língua, além de ser instrumento de comunicação, é expressão da cultura e por isso está em constante mudança e evolução.” Ela destaca a importância de considerar o conhecimento prévio dos alunos e expandir esse conhecimento, apresentando diversas práticas linguísticas. “Gostaria de destacar duas delas, que embora possam parecer paradoxais, complementam-se: a primeira é considerar o conhecimento dos alunos e a segunda é não se restringir a esse conhecimento.”

A entrevistada acredita que conhecer as necessidades dos alunos é crucial. Para isso, é essencial escutá-los. “Primeiro é preciso conhecer as necessidades. Digo isso porque o processo de escuta nas relações sociais vem ficando cada vez mais difícil, a meu ver.” A diversidade linguística, abordada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), permite uma ampla flexibilidade no trabalho em sala de aula. Ela explora diferentes textos, incluindo imagens, canções e obras de arte, para adaptar suas aulas às necessidades comunicativas dos alunos.

Um dos maiores desafios, segundo a professora, é motivar os alunos a verem sentido no estudo da língua portuguesa. Regislene inicia suas aulas questionando a necessidade de estudar uma língua que já conhecemos, provocando reflexões que despertam interesse. “Sempre começo as minhas aulas, no início de um curso ou de um ano letivo, perguntando aos meus alunos por que aprender português na escola. Já não somos falantes? Já não nos comunicamos? Qual o sentido de estudar uma língua que já conhecemos?” Ela destaca também a falta de materiais disponíveis e o pouco acesso à cultura letrada como desafios, mas acredita que a motivação dos alunos é fundamental para superar essas barreiras.

Regislene considera a tecnologia uma ferramenta valiosa no ensino, mas alerta contra seu uso indiscriminado. “A tecnologia, por definição, é uma ferramenta, melhor dizendo, o conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas na execução de tarefas e acredito que ela deva ser usada como tal, como instrumento e não como fim.” Ela utiliza recursos tecnológicos para complementar suas aulas, como ferramentas de gravação e edição de vídeos e áudios. Um exemplo de sucesso foi a produção de curtas-metragens a partir das canções de Adoniran Barbosa, projeto desenvolvido com seus alunos da EMEB Jorge Bierrenbach.

Para incentivar a leitura, Regislene utiliza trechos instigantes de livros e mostra que as histórias contadas nos filmes também podem ser encontradas nos livros. “Eu os instigo com trechos de livros que eu acredito que possam lhes interessar. Sempre gostamos de uma boa história. O cinema não nos deixa mentir sobre isso.” Ela ressalta que ler é uma maneira de vivenciar e imaginar histórias, incentivando os alunos a explorarem diferentes gêneros e estilos literários.

A maior dificuldade dos alunos em relação à gramática é compreender que a língua varia conforme o contexto. “Acredito que a maior dificuldade seja entender que a língua se manifesta de várias maneiras, em diferentes contextos sociais, e que para cada situação há uma linguagem mais adequada.” Regislene explica que estudar gramática pode ser gratificante, pois ajuda a melhorar a expressão escrita e oral. “Considerar que estudar gramática é estudar o funcionamento da linguagem pode ser gratificante quando isso nos ajuda a escrever melhor, a nos expressar melhor”.

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