

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou nesta terça-feira (2) os pontos revisados do plano de paz apresentado pelos Estados Unidos, Ucrânia e líderes europeus. Durante encontro em Moscou com o enviado especial do governo Donald Trump, Steve Witkoff, Putin afirmou que as novas exigências da Europa são “totalmente inaceitáveis” e voltou a endurecer o tom contra o Ocidente.
“Se a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora”, declarou o líder russo, em meio ao acirramento das tensões nas fronteiras e a recrudescência dos confrontos na Ucrânia.
O plano original elaborado pelos EUA continha 28 pontos, considerados por Kiev e pela União Europeia excessivamente favoráveis a Moscou. Entre eles estavam a cessão de cerca de 20% do território ucraniano, a garantia de que a Ucrânia não entraria na Otan, e a redução significativa do Exército ucraniano — de 900 mil para 600 mil soldados.
Na contraproposta europeia, alguns termos foram moderados, como a redução do efetivo para 800 mil militares. Ainda assim, a Rússia rejeitou as alterações.
Tensão no auge entre Moscou e Europa
A declaração de Putin ocorre em meio a um momento de máxima tensão entre Rússia e países europeus. Nas últimas semanas, incidentes envolvendo drones, acusações de guerra híbrida e anúncios de reforço militar elevaram a apreensão no continente.
O comandante militar da Otan chegou a afirmar que a aliança considera “ataques preventivos” contra estruturas russas para conter ações hostis, declaração que enfureceu o Kremlin.
Moscou endurece posição: negociar, mas avançar se necessário
Após o encontro com Witkoff, o Kremlin informou que não houve avanços nas negociações de paz. Putin afirmou estar disposto a negociar, mas advertiu que, caso a Ucrânia rejeite o acordo, as forças russas avançarão ainda mais e tomarão novos territórios.
O aviso ocorre após Moscou anunciar, na segunda-feira (1º), a captura da cidade estratégica de Pokrovsk, no leste ucraniano — informação contestada por Kiev, que afirma ainda controlar parte da região.
Pokrovsk: por que a cidade importa na guerra
Pokrovsk está localizada próxima a Donetsk, em um ponto-chave da malha ferroviária e rodoviária que abastece as últimas posições ucranianas no leste. Se totalmente ocupada, abre caminho para a Rússia avançar rumo ao oeste e ao norte, ampliando o risco de cercamento das tropas ucranianas.
A captura também poderia transformar a cidade em novo centro logístico russo na região, como já ocorreu em outros pontos do Donbass.
Enquanto isso, tropas ucranianas teriam de recuar para áreas florestais e defender posições mais vulneráveis.
Além de Pokrovsk, Moscou afirmou ter tomado a cidade de Vovchansk, na região de Kharkiv — também não confirmada por Kiev. As duas localidades têm sido palco de intensos combates desde 2024.
Avanços russos na linha de frente
Mapas de guerra analisados pela agência AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) mostram que a Rússia fez, no último mês, seu maior avanço territorial desde novembro de 2024, ampliando para mais de 19% o território ucraniano sob controle de Moscou.
Quer saber as últimas notícias de Valinhos, siga o nosso Instagram: https://www.instagram.com/jornalterceiravisao/