Existe sempre, essencialmente, necessariamente o lado bom de uma história? Me refiro aqui a alguma experiência vivenciada… O que você me diz? É sobre esse tema que irei refletir nesse artigo e gostaria muito de sua companhia, posso contar com ela? Ótimo, então, mão na massa!
Percebo que existe uma cobrança social muito grande por ser uma boa pessoa, isso já ocorria desde quando eu era criança, antes mesmo de existir internet e rede social para a sociedade. Parece-me que agora existe o chamado “marketing pessoal”, na qual faz-se necessário para de bom moço, de bom cidadão, época é extremamente inadmissível expor algo que vá contra as normais sociais e políticas, época em que você precisa sorri o tempo todo, precisa agradar a todos a sua volta, a se mostrar superior, feliz, de ferro, otimista e afins… Bom, partindo dessa base para a nossa reflexão, trago agora a minha experiência e maturidade existencial: eu era assim até minha adolescência, o rapaz da autoajuda, mesmo em internet ainda, porém, após estudar e me formar em Filosofia, vi que “o buraco é mais embaixo”, vi que por debaixo do estereótipo da vida boa e perfeita na qual não há espaço para falhas; existe um vazio, já trazido à tona por filósofos existencialistas como Nietzsche, Freud, Schopenhauer, Heidegger, Sartre, Camus e companhia, vazio esse que trás consigo angústia, náusea, desespero, ceticismo, justamente atributos que vão em direção oposta ao do marketing pessoal que citei anteriormente de um bom cidadão.
Estou passando por uma fase na qual estou fazendo uma bateria de exames para que haja um diagnóstico mais assertivo da equipe que pretende fazer uma cirurgia em meu cérebro por conta de uma epilepsia que resolver aparecer em minha vida há uns cinco anos… Dado esse fato que eu, unicamente eu, em primeira pessoa, estou vivenciando, sempre existe alguém com o colete do marketing pessoal de bom cidadão me perguntando: “- Você já parou para perceber o lado positivo nessa fase?” e minha resposta é digna de um filósofo socrático: “- E quem foi que disse que em todas as experiências da vida há um lado positivo?”, me faço essa pergunta todos os dias… Talvez os aprendizados que venho colhendo ao longo desses últimos cinco anos é que há mais hipocrisia do que empatia, que há mais discurso raso do que ações de compaixão… Percebo um fato intrigante que conversava essa semana com a querida pessoa que tenho enorme carinho, sobre a controvérsia de pessoas aleatórias à minha realidade se preocuparem com minha saúde de fato, ligando, mandando mensagens, em relação com as que eu tenho maior convívio, bem como familiares e “amigos” do trabalho! Por que será que a preocupação e a disposição vêm de onde menos esperamos? Fica a indagação!
Pontos positivos? Não consigo encontrar algum agora, mas encontro pontos, ou melhor, fatos empíricos; como bem queria e defendia Augusto Conte, o grande nome da ciência empírica. Parece-me que somos forçados a encontrar respostas prontas, forçados a achar aspectos positivos, quando na verdade me deparo com gestos egoístas, mesquinhos a todo o momento estando embalados por um belo discurso retórico… Pontos positivos? No meu caso, talvez seja aprender a não esperar nada de ninguém e a não ser igual a essas pessoas, talvez seja aprender que a vida joga um abacaxi enorme em nossas mãos e cada um que se vire para não se furar com seus espinhos, talvez seja não querer ser o bom cidadão dos stories, das postagens de autoajuda com frases de efeito, talvez um ponto positivo seja ter um olhar humano e cogitar amadurecer ser e não se empenhar em parecer ser… Falar menos e fazer mais! Convido-lhe a amadurecer a pauta do artigo de hoje sem pressa, com cautela e serenidade. Um grande abraço.