Rachaduras se espalham no Bela Vista e moradores temem desabamento das casas

Problema que tem tirado o sono de residentes do bairro estaria sendo causado por vazamento de água na rua

Por Bruno Marques

“Minha mãe está com câncer, e precisei realocar ela pra outro cômodo por medo das paredes ou o teto caírem”. Esse é o drama diário que José Renato, morador do Jardim Bela Vista há quase 50 anos, tem passado nas últimas três semanas. A casa dele é uma das cerca de meia dúzia, segundo ele, que tem sido danificadas por rachaduras por todos os lados.

Moradora de residência abaixo da esquina teve que se mudar

De acordo com moradores da rua Barão de Rio Branco, o problema – que fica pior a cada dia -, está sendo causado por um suposto vazamento de água na rua. “É uma tubulação muito antiga, com canos de amianto. O antigo registro, quando foi trocado, quebrou na mão do funcionário. Tem um problema grande e estão dando sopa para o azar”, alertou José Renato, cuja casa está rachando no chão, teto e paredes.

Residente acima da esquina aponta danos em sua parede

“Minha casa está sendo puxada e não temos para onde ir”

O desabafo é de Cristina Belezini e seu marido, Fernando Belezini. A casa deles, que também fica na rua Barão de Rio Branco, esquina com a Casimiro de Abreu é a mais atingida pela desestruturação. Tanto que corre risco de desabamento, e a Defesa Civil interditou sua residência, onde rachaduras aumentam a cada dia. O casal mostrou a perigosa situação para a reportagem do Jornal Terceira Visão, queconstatou inúmeros danos.

Teto da casa mais afetada está “escorado” no armário

Segundo relatos colhidos, ao menos sete residências foram afetadas, e um prédio já está tendo problemas no portão. “Não foi tomada providência efetiva desde o dia 14, quando notifiquei do problema na rua. Já levei o caso também ao Ministério Público e não obtive qualquer solução efetiva. Um engenheiro avaliou que a casa está sendo puxada. Vejo o clima mudar e já entro em pânico, pois não temos para onde ir”, suplicou Cristina.

A situação de urgência foi reforçada por seu marido, Fernando: “Temos escutado as paredes abrindo durante à noite. Não conseguimos mais dormir, pois não sabemos o que encontraremos de destruído na casa no dia seguinte”.  

Reportagem

Calçada mole, pedra dura. Tanto vaza até que…

O casal residia na casa com um filho e sete bichos de estimação. “Esta residência tem muito valor afetivo para mim, pois é herança dos meus pais. Vivo aqui há mais de 40 anos e nunca tivemos problemas assim. Aqui dentro não tem problema de vazamento. É na rua”, reforçou Cristina. “Está afetando minha vida profissional, porque fiquei uma semana sem trabalhar. Estão empurrando o problema com a barriga e a situação está só piorando”, lamentou Fernando.

Possível “rastro” de vazamento na rua tem destruído a calçada

Ivo Cocco e sua esposa, moradores da mesma rua, também falaram com a reportagem do JTV. Eles disseram que residem na citada via há mais de 30 anos, e que problemas de vazamento na água na rua são constantes. Na esquina da casa mais afetada, um simples pisão com os pés no solo constata que a calçada está mole, com possibilidade de ceder por conta do problema.

DAEV diz que vai fazer pesquisa amplificada

Em nota divulgada ao JTV, o DAEV – Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos – afirma que foi comunicado no dia 20 de junho sobre o vazamento próximo ao imóvel número 82, na Rua Casimiro de Abreu. “Os reparos foram efetuados em 21 e 22 de junho. É importante ressaltar que não havia contato de munícipes sobre esse vazamento antes da data informada”, informou.

Segundo o departamento, o vazamento informado era de pequena proporção, em caixa de registro que fica a cerca de quatro metros do imóvel, e com caída contrária ao imóvel nº 82 na Casimiro de Abreu. “Tanto antes quanto depois do atendimento, a equipe do DAEV fez geofonia (caça-vazamentos não visíveis). Após a realização do reparo, não houve mais intercorrência de vazamento”, alegou. 

Concluindo a nota, o DAEV afirma que, além da última geofonia, que não identificou vazamento não visível no entorno, também fará a pesquisa amplificada com três sensores de ruídos, juntamente à filmagem de rede de esgoto para saber se – por ventura – existe algum tipo de vazamento ou quebra de rede coletora. “Ademais, o DAEV também está providenciando a contratação de perito, para análise do tipo e da estabilidade do solo com sondagem, para emissão de laudo final”, finalizou.

Defesa Civil tem vistoriado residências

O Departamento de Defesa Civil informou que desde que soube dos problemas, está realizando constantes vistorias nas residências afetadas, inclusive com registros fotográficos. No dia 22, foi lavrado um Auto de Interdição de Risco de Desabamento na casa localizada na Rua Casemiro de Abreu, 82, interditando parcialmente o local por conta de rachaduras no teto, paredes, piso e muro.

A Defesa Civil informou que ofereceu abrigo à família. “Porém, a mesma preferiu ir para a casa de parentes entre os dias 16 e 20, voltou no dia 21, e informou que iria utilizar a casa dos fundos, que não está afetada”.

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