Movimento armado mobilizou milhares de paulistas contra o autoritarismo de Getúlio Vargas. Mesmo derrotado, o levante mudou os rumos da política brasileira.


Você provavelmente já aproveitou o feriado de 9 de Julho em São Paulo — mas já parou para pensar por que esse dia é feriado só aqui? A resposta vem de um episódio marcante, pouco contado nas escolas, mas essencial para entender a história do Brasil: a Revolução Constitucionalista de 1932.
O movimento começou quando quatro jovens foram mortos por tropas de Getúlio Vargas durante um protesto no Centro de São Paulo. A partir daí, milhares de civis e militares paulistas se revoltaram contra o governo que, após um golpe em 1930, centralizou o poder e eliminou a autonomia dos estados. No dia 9 de julho, São Paulo se levantou em armas para exigir uma nova Constituição.
Durante três meses, o Estado enfrentou quase sozinho o Exército Nacional, contando com apoio pontual de outros estados como Mato Grosso, partes do Sul e até da Bahia. Foram mais de 900 mortos em combates, sendo 634 do lado constitucionalista. Apesar da rendição em outubro, o movimento arrancou de Vargas uma convocação para a Assembleia Constituinte, que viria a criar a Constituição de 1934.
O legado está por toda parte: Avenida 9 de Julho, Avenida 23 de Maio, Obelisco do Ibirapuera, Rua MMDC. Também há homenagens nas ruas Pedro de Toledo, General Klinger e Isidoro Dias Lopes. Cada nome conta um pedaço da resistência de 1932.
O Obelisco, aliás, é o maior monumento funerário do Brasil e abriga os restos mortais de combatentes, como o poeta Guilherme de Almeida — que trocou a caneta pelo fuzil — e o agricultor Paulo Virgínio, morto pelos soldados de Vargas por não entregar seus companheiros.
Historiadores afirmam que o movimento foi silenciado por mais de uma década durante o regime de Vargas. Ainda assim, a revolução venceu no que mais importava: o povo exigiu, e conquistou, o direito de ser ouvido.