Samba do Arnesto é do mesmo ano da emancipação de Valinhos

Hilária canção do sambista valinhense Adoniran Barbosa é de 1953

Por Bruno Marques

Para concluir o mês especial do Samba nesta coluna musical, escrevemos sobre o hilário clássico Samba do Arnesto, composto por Adoniran Barbosa, patrono do Samba Paulista, que nasceu em Valinhos quando a cidade ainda era um distrito de Campinas.

Canção do Samba no Brás e amizade

Adoniran compôs Samba do Arnesto em 1953, mesmo ano da emancipação de Valinhos. Porém, a história dessa divertida canção vem de muito antes.

Adoniran e Ernesto se conheceram em 1938, na Rádio Record. E lá o compositor já mudava o nome do recém-conhecido e avisava que ia fazer um Samba que só saiu 14 anos depois.

“Arnesto Paulelli. Seu nome dá Samba. Vou te fazer um Samba, você aduvida?”, contou Ernesto que negou o bolo e sequer morava no Brás.

“Um dia fui conversar com o Adoniran e perguntar que história era aquela de dar um bolo nele. Com aquela voz rouca ele me respondeu: “Arnesto, se não tem bolo não tem samba”, completou.

Deste interessante encontro resultou uma amizade que durou até a morte de Adoniran, em 1982. Em 2014, Ernesto Paulelli morreu aos 99 anos.

Censurada pela ditadura militar

Assim como fez com Tiro ao Álvaro, a ditadura militar censurou Samba do Arnesto em 1973. A censura aconteceu pela não aprovação da linguagem coloquial tão típica na obra de Adoniran.

A ditadura barrou a música exigindo que fossem feitas modificações, entre elas a principal anedota da música: Ernesto.

“Cuma baita duma reiva”

O Arnesto nos convidô

Prum samba, ele mora no Brás

Nóis fumo e não encontremos ninguém

Nóis vortemo cuma baita duma reiva

Da outra veiz nóis num vai mais

Nóis não semos tatu!

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu descurpa mais nóis não aceitemos

Isso não se faz Arnesto, nós num se importa

Mais você devia ter ponhado um recado na porta.

Um recado assim ói:

“Ói, turma, num deu prá esperá, aduvido que isso num faz má, num tem importância.

Assinado em cruz porque não sei escrever, Arnesto”

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